4 de novembro de 2012

Mark Wahlberg, o eleito de Hollywood

Numa gangorra em que estrelas outrora poderosas como Nicolas Cage caem de popularidade e novatos como Channing Tatum sobem de cacife, Hollywood pousou sobre a cabeça do ator Mark Wahlberg uma coroa: a de astro de maior rentabilidade no cinema americano de 2012. Sua coroação acaba de ser promulgada pelas associações de exibidores dos EUA e divulgada por bíblias dos filmes-pipoca como a revista “Entertainment Weekly” e o site Internet Movie Database (IMDB) com base nas cifras de dois filmes que protagonizou. O primeiro deles, “Contrabando” (“Contraband”), um thriller policial de US$ 25 milhões que acaba de ser lançado no Brasil apenas em DVD, arrecadou quatro vezes o seu custo de produção no primeiro semestre nos EUA. Já o segundo é definido como um fenômeno: “Ted”, comédia sobre um ursinho de pelúcia falante que custou US$ 50 milhões e já faturou US$ 394 milhões, sem ser lançado em países como França e México, além do Brasil, onde estreia nesta sexta, dia 21.
— Eu fico apenas esperando as coisas boas chegarem, pois ando muito concentrado nos projetos que produzo — diz Wahlberg, por telefone, ao GLOBO.

Embora este tenha sido um ano dominado por franquias, vide “Os Vingadores” (campeoníssimo de público do ano com renda de US$ 1,5 bilhão), Wahlberg conseguiu transformar em blockbusters filmes que não derivam de HQs, games ou best-sellers. Pesquisas baseadas em enquetes com pagantes informam que o ator (cujo cachê gravita em torno de US$ 10 milhões) serviu de chamariz para “Ted”, pois seu carisma cresceu depois de “O vencedor” (2010), drama de boxe ganhador de dois Oscars que ele produziu e estrelou.

— Se o sucesso chegou é porque eu tive a chance de participar de filmes que conseguem ser uma crônica de costumes do nosso tempo. Minha preocupação é não me repetir ou ficar preso a um gênero — diz Wahlberg

Nascido em Massachusetts, há 41 anos, Wahlberg despontou para o estrelato nos anos 1990, cantando rap sob o pseudônimo de Marky Mark e conquistou a atenção dos estúdios ao protagonizar o thriller teen “Medo” (1996), perseguindo Reese Whiterspoon. Deu sorte de emplacar cults como “Boogie nights — Prazer sem limites” (1998) e “Três reis” (1999) e até de conquistar uma indicação ao Oscar de coadjuvante por “Os infiltrados”, de Martin Scorsese, que se rasgou em elogios ao ator. Ele já estrelou filmes de faturamento alto, como “Tiro e queda” (1998), “Planeta dos macacos” (2001), “Uma saída de mestre” (2003), “Quatro irmãos” (2005) e “Os outros caras” (2010). Mas jamais havia atraído plateias do tamanho das que prestigiaram “Ted”, comédia americana de maior renda em 2012.

— No fundo, é um filme que fala sobre amadurecimento — define o ator.

Seu personagem é Joe Bennet, um adulto que leva uma vida de farras, a despeito dos desejos de sua namorada (Mila Kunis). Seu companheiro, Ted, é um urso sintético que adquiriu a habilidade de falar (e fazer coisas impróprias para brinquedos) graças a uma mágica natalina inexplicável. Nos EUA, Ted ganhou a voz do animador Seth MacFarlane, também diretor do filme, conhecido por seu trabalho em desenhos animados como “Uma família da pesada”.

— “Ted” fala de pessoas que ficaram presas na própria adolescência e não sabem como sair dela, não importa o preço que essa opção pela eterna juventude cobre. O filme conquista as pessoas por mostrar o quanto é difícil abrir mão do passado, embora isso seja necessário — diz Wahlberg, que produziu a série “Boardwalk Empire” para a HBO, em parceria com Scorsese, e volta às telas em janeiro perseguindo Russell Crowe e Catherine Zeta-Jones em “Broken city”, de Allen Hughes.

Os mesmos analistas de mercado que puseram Wahlberg como o número 1 de Hollywood no momento reservaram o segundo lugar a Channing Tatum. Ele participou de três sucessos, sempre dividindo o estrelato com outro ator ou atriz: em “Magic Mike”, fica peladão ao lado de Matthew McConaughey, numa trama sobre strippers; no romance “Para sempre”, tenta conquistar Rachel McAdams; e, em “Anjos da lei”, recria o seriado que celebrizou Johnny Depp. A seu lado estava o humorista Jonah Hill, que ocupa o terceiro posto no ranking dos todo-poderosos de Hollywood. Indicado ao Oscar por “O homem que mudou o jogo”, Hill hoje filma “The wolf of Wall Street”, novo longa de Scorsese.

Embora já atue há 38 anos, Denzel Washington também foi agregado entre os atores que avançaram posições até o pódio do maior rendimento na Hollywood de 2012. No início do ano, num período de baixas rendas, ele estrelou “Protegendo o inimigo”, que reinou no ciruito ao contabilizar US$ 205 milhões. As atrizes tiveram pouca evidência neste ano. A única a se destacar em visibilidade foi Jennifer Lawrence, graças à franquia “Jogos vorazes”.

Hollywood também contabiliza seus fracassos. O pé-frio imbatível do ano é Taylor Kitsch, que protagonizou três fracassos em sequência: “John Carter — Entre dois mundos”, “Battleship — A batalha dos mares” e “Selvagens”. Beija a lona ainda o comediante que colecionou sucessos por quase 15 anos: Adam Sandler. Seu último filme, “Este é o meu garoto”, foi um fiasco de público e crítica. Por último vem Nicolas Cage, que foi rejeitado lá fora por “Motoqueiro Fantasma: Espírito de vingança” e “O pacto” e só faz ser esnobado.

[Globo]

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