A crise na Europa e nos Estados Unidos colocou definitivamente o Brasil
no mapa das marcas de luxo. Consultores deste mercado, como Claudio Diniz, da Maison du Luxe, e Karina Sanchez, da Noctua Recruitment & Training, estimam que 60% das grandes marcas internacionais já se estabeleceram aqui e que os outros 40% chegarão nos próximos dois anos.
Com isso, atualmente, o mercado do luxo tem cerca de 15.000 vagas em
aberto apenas no estado de São Paulo. Os salários também são atrativos:
podem ir até R$ 47,3 mil, em um cargo de gestão (confira no quadro
abaixo a remuneração em cada posto). Até 2013, a estimativa é de que
40.000 novas vagas sejam geradas no Brasil. São marcas como Michael
Kors, Valentino, entre outros.
Oportunidade para muitos, mas um grande desafio para as empresas de
recrutamento. Em um mercado que até pouco tempo praticamente não
existia, é grande a dificuldade de encontrar mão de obra especializada.
“A experiência no atendimento, seja para o brasileiro ou para o
estrangeiro, é muito ruim. Pesquisas indicam que 88% dessas empresas
apontam a área comercial como a mais difícil de contratar. É
compreensível, porque os vendedores precisam ser a cara da marca”,
explica Karina.
Bonequinha de luxoNo livro de Truman Capote,
Bonequinha de Luxo, Holly GoLightly é uma menina de origem simples,
apaixonada pelas vitrines da Tiffany's. Eternizada no cinema pela
glamourosa Audrey Hepburn, Holly talvez fosse o perfil perfeito para
candidatar-se às vagas disponíveis no nascente mercado de luxo
brasileiro.
“O profissional do luxo não precisa consumir luxo ou ser de família
abastada, mas ele precisa circular bem nesse mundo”, afirma Karina. “Até
porque, com internet e o barateamento das viagens, o cliente do luxo é
muito bem informado. Ele conhece o produto a fundo. E se esse consultor
não se sentir confortável diante dele, perde todo o potencial de compra
do cliente.”
A lista de pré-requisitos para essas vagas, no entanto, não é pequena.
Precisa ser bem articulado (o que inclui falar bem o próprio idioma, por
mais básico que isso pareça), ter formação universitária e bom nível
cultural, noções de mercado (conhecer a concorrência é sempre
desejável), saber outros idiomas e ter boa apresentação pessoal (uma
marca clássica não quer vendedoras com unhas azuis, por mais que a cor
esteja na moda).
Com quantos profissionais assim você já cruzou no varejo em geral? Um
exercício rápido de memória e é possível perceber que são raros os
candidatos com esse perfil. Sabendo disso, as empresas têm recorrido à
contratação de pessoas viajadas, que tenham morado fora, ou mesmo a
profissionais do Brás – uma das maiores regiões varejistas da cidade de
São Paulo –, que têm experiencia no varejo, mas não dominam o mercado de
luxo.
A vinda de novas marcas e o consequente aumento da concorrência entre
essas empresas deve mudar o cenário e trazer maior profissionalização
para o recrutamento. “Falta treinamento para saber como fidelizar esse
cliente, porque a qualquer momento ele pode sair do país e comprar lá
fora. Só em 2010, cerca de 500 mil brasileiros foram para Miami”, lembra
Karina.
Para driblar o problema, muitas empresas estão treinando as pessoas do
zero, o que inlcui, em alguns casos, enviá-las para fora do país em
eventos do setor, conta Natasha Barbosa, sócia-diretora da Noctua. Esse
cuidado com o funcionário, aliado aos salários atrativos e aos nomes de
peso no currículo tem atraído muita gente para o mercado. E, se o
brasileiro não cresceu acostumado com a visão da Maison Chanel, ele
ganha em receptividade e disposição para aprender e colocar a mão na
massa. É nisso que essas empresas estão apostando. “A fachada é
glamourosa, mas o dia a dia é pesado. O brasileiro está acostumado”,
afirma Natasha.
[Globo]
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