Nem bem chegaram às lojas dos EUA, e os TVs 4K já estão mexendo com o
mercado por lá. Como será aqui? Relatório divulgado esta semana em
evento da CEA (Consumer Electronics Association)
mostra otimismo com a novidade, tendo em vista o final de ano. Sony e
LG confirmaram o lançamento de seus modelos de 84 polegadas, aqueles
mesmos que vimos na IFA (confiram aqui),
devendo estar nas prateleiras até o final deste mês. Para o Brasil, a
LG informa que houve atraso na chegada dos aparelhos, que vêm da Coreia,
e agora a previsão é de estar nas principais lojas em novembro.
Independente da qualidade dos produtos, que certamente causarão
grande impacto em quem está acostumado às imagens Full-HD, a tecnologia
4K é vista como oportunidade para o varejo americano, pela primeira vez
em muitos anos, não ficar dependente de descontos e promoções de Natal.
Em plenos preparativos para a Black Friday (sexta-feira do feriado de
Ação de Graças, que este ano cai em 23 de novembro), quando por tradição
todos os varejistas concentram suas promoções, a indústria eletrônica
percebeu que os TVs 4K podem ser a cereja desse bolo.
Explico. Há anos que os fabricantes não conseguem manter suas margens
de lucro em TVs. Com a guerra de preços, também os lojistas – pelo
menos a maioria – constataram que esses aparelhos servem mais para
atrair clientes às lojas do que propriamente para encher o caixa. Esse é
um fenômeno mundial. A única maneira de enfrentá-lo é lançando algo
completamente diferente, e bem mais caro. Se uma quantidade razoável de
consumidores estiver disposta a pagar por isso, aí sim se conseguem
margens mais compensadoras.
(Cabe aqui uma breve pausa: por mais que se odeie o capitalismo,
ninguém até hoje descobriu uma fórmula de manter as empresas funcionando
e gerando empregos sem preservar suas margens de lucro. Até o velho
Marx concorda!)
O TV 4K da LG tem preço estimado de US$ 20 mil para os EUA (cerca de
R$ 40 mil para o Brasil), enquanto o da Sony sai por US$ 25 mil (sem
previsão para o mercado brasileiro, por enquanto). Certamente, poucas
famílias poderão adquiri-los, mas quando se vê uma pesquisa como esta, da Nielsen,
indicando que existem mais de 13 milhões de famílias americanas com
alto poder de compra, embora não sejam milionárias, percebe-se que a
indústria está correta. Se 0,1% delas comprarem um TV 4K, já serão 13
mil aparelhos vendidos – a propósito, quantas famílias desse nível
haverá no Brasil?
Não sei se isso resolve o problema de fabricantes e lojistas, mas com
certeza ajuda. Sem falar que muita gente vai querer ir às lojas só para
ver um TV 4K funcionando. E, aproveitando a viagem, sempre acabam
levando alguma coisa. Ou não?
[Orlandobarrozo]
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