A audiência das novelas equivale à do Superbowl nos Estados Unidos, com
a diferença de que é estável e todos os dias da semana (o evento
norte-americano acontece anualmente). A opinião é do diretor de
marketing da Rede Globo, Anco Saraiva. “Uma audiência como a gerada
pelas novelas não se encontra em outros países, e o mercado deve
aproveitar isso”, afirmou o diretor, que participou de painel realizado
durante o evento Maximídia nesta terça-feira, 2. Mediado pela jornalista
Christiane Pelajo, o painel contou ainda com a participação do autor de
novelas Walcyr Carrasco, do diretor Luiz Henrique Rios (que atualmente
dirige a novela Malhação) e dos atores Marisa Orth e Osmar Prado.
Segundo Saraiva, as novelas da Globo atingem 160 milhões de pessoas por
mês. Ele apontou que o “país do futebol” possui preferências maiores do
que o esporte mais famoso do mundo: assistir novelas é considerado o
terceiro maior hábito brasileiro, ficando atrás apenas de comer e
dormir.
Procurando explicar como um produto de 60 anos conseguiu se modernizar e
se manter ao longo dos tempos, o autor Walcyr Carrasco – responsável
por sucessos como “Chocolate com Pimenta”, Alma Gêmea” e o remake de
“Gabriela” – afirmou que a novela fica entre a arte e a indústria. “Não é
só indústria pois usa da criatividade, mas também não é arte pura pois o
autor precisa olhar pesquisas para saber o que o público sente, e assim
buscar o melhor caminho para o sucesso”, afirmou. O autor ainda afirmou
que as novelas são escritas com liberdade, e acompanham os tempos de
maneira subjetiva e não objetiva, através de uma mudança natural por
parte da equipe de produção e dos próprios atores.
Tecnologia
A evolução técnica, tanto da produção quanto dos equipamentos, também
ajudou a manter o sucesso. Lembrando que hoje as novelas são filmadas
com câmeras de cinema, dando um novo ar ao programa, o diretor Luiz
Henrique Rios afirmou que indústria só se mantém com método e disciplina
aliados a talento e vontade. “Trabalhamos numa indústria profundamente
técnica, e só é possível ter sucesso nela com muita paixão e muita
vontade criativa”, afirma.
Os atores Osmar Prado e Marisa Orth comentaram sobre suas experiências
com novela, afirmando que o melhor laboratório e a melhor resposta para
seus trabalhos está no próprio público: enquanto Marisa afirmou que
depois de fazer uma novela no horário das 20h sua vida mudou em menos de
um dia (uma vez que estava sendo vista por um público muito grande),
Prado explicou que para captar a essência de seus personagens busca
estar sempre nas ruas, perto das pessoas que assistem e se envolvem com
eles.
Finalizando o painel, Rios apontou que a identificação que o público
tem com os personagens e as situações vividas no periódico também
garantem o sucesso deste modelo: “são histórias contadas com e pelo
público, que tem uma identificação afetiva com aquilo mesmo que esteja
longe de sua realidade. É uma construção coletiva de histórias, e é
neste momento que o público se vê”, afirmou, acrescentando que com as
novas mídias estas experiências do espectador só se ampliam.
[Telaviva]
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