31 de dezembro de 2012

Startups: Como decolar do Brasil para o Vale do Silício

O Vale do Silício abriga as principais companhias que revolucionaram o mundo da tecnologia como Apple, Google, Yahoo! e HP. O maior polo de tecnologia e inovação do mundo atrai muitos empreendedores e é alvo da maioria das startups mundiais. Mas, apesar de o local ser rico em oportunidade e conhecimento, o vale é um lugar hostil para estrangeiros.

Não é impossível se tornar um empreendedor do Vale do Silício, mas é preciso muita determinação e planejamento. O primeiro passo é simples: monte sua startup e comece desenvolvendo um bom plano de negócios. O planejamento não garante o sucesso, porém serve para minimizar os erros e otimizar as potencialidades e oportunidades, pois é através dele que podemos ver as reais chances de o projeto dar certo.

De acordo com Douglas Pereira Maluf, empresário e palestrante da assessoria financeira Capital A7, muitas empresas quebram antes da hora justamente por não terem feito um bom plano de negócios no início. Ele garante que se estas startups tivessem feito o business plan corretamente, elas teriam um programa de sobrevivência ou já veriam que a ideia não era viável.

"Em resumo, o plano de negócios torna a oportunidade clara, ou, claramente define que não se trata de uma oportunidade", comenta. "O Sebrae dá todo apoio necessário para confecção do plano de negócios, promove cursos, workshops e palestras que auxiliam no desenvolvimento de novos empreendedores", completa.

O plano de negócios é tão vivo quanto o mercado, portanto, deve ser atualizado e revisado constantemente, servindo, inclusive, como instrumento de gestão da empresa. Com as mudanças que acontecem no mercado, é normal que suas metas se adequem às transformações.

O especialista ainda lembra que, além do planejamento, é primordial conhecer muito bem o segmento escolhido. A dica é aprender com as empresas que alcançaram o sucesso e também com as companhias que deram errado. Conversar com empresários sobre dificuldades e percepções de mercado também é fundamental para o seu negócio, assim como aumentar sua rede de contatos o tempo todo.

Um estudo realizado pelo Sebrae descobriu que mais de 70% das empresas não chegam a completar cinco anos de vida. Os erros destas iniciantes é que, geralmente, elas apresentam deficiências em dois pontos: estruturação do negócio e administração. Portanto, Douglas reforça que estes aspectos precisam ser dominados pelo empreendedor que quer vencer.

"Para se ganhar dinheiro as ideias não precisam ser tão extraordinárias assim, mas precisam de consistência. Gosto de uma frase que ouvi de um grande empresário do ramo de entretenimento que diz que 'é preferível um negócio médio na mão de pessoas excelentes a um negócio extraordinário na mão de pessoas comuns'."

A paixão também faz parte de uma história de sucesso e, de acordo com o empresário, deve estar presente na vida dos fundadores. Porém, a paixão não pode cegar o empreendedor, que precisa trabalhar sempre com três cenários: otimista, realista e pessimista. Cercado destas precauções, as chances de você começar com o pé direito são altas.

"Sentir insegurança é natural e não é vergonha nenhuma pedir ajuda. Existem excelentes empresas que dão suporte ao novo empreendedor. Se for o caso, estude a possibilidade de iniciar com uma franquia. Algumas redes prestam todo suporte na escolha do local, treinamentos de gestão e etc.", finaliza.

Rumo ao Vale do Silício: A terra da competitividade

Se você pensa que abrir a empresa é a fase mais difícil, se enganou. Depois de criar a startup é necessário fazer com que ela se consolide no mercado, antes de se arriscar em outros lugares. Com a Movile, que abriu escritório do Vale do Silício há seis meses, não foi diferente. A empresa presta serviços para operadoras de celulares, como o envio de promoções e jogos via SMS, desenvolve sites móveis, e serviços para vídeos e imagens em smartphones.

A companhia não partiu rumo ao maior polo tecnológico sem antes percorrer uma longa jornada pelo Brasil, que se iniciou em 2008, quando três startups de mobilidade se uniram para formar a Movile. O início das ações internacionais só aconteceu depois que o conhecimento e a força das companhias foram fundidas.

"Os empresários entenderam que sozinhos não chegariam muito longe e dificilmente seriam empresas globais. Então, optaram por unir forças. Acho que este foi o grande acerto da empresa: se associar a antigos concorrentes para construir uma empresa mais forte e capaz de brigar com outros players do mercado", comenta Eduardo Lins Henrique, responsável pela Movile nos Estados Unidos.

Antes de chegarem ao Vale do Silício, os fundadores e diretores da Movile viajaram diversas vezes para o local, estudaram o mercado, participaram de eventos, conheceram pessoas e pediram muitos conselhos aos brasileiros dispostos a ajudar. E, segundo Eduardo, tudo isso foi essencial para entender o tamanho do investimento. O executivo conta que é possível abrir algo na região com investimentos altos e baixos, basta dosar os planos de acordo com o que a empresa quer e pode.

Apesar de todo planejamento e dicas oferecidas por empresários conhecidos, que já tinham se estabelecido no polo tecnológico norte-americano, a chegada na Califórnia não foi capítulo dos mais fáceis. Eduardo relata que os brasileiros que trabalham lá são bastante hospitaleiros e abrem portas, mas o clima entre as empresas é de extrema competitividade.

"No Silicon Valley o nível de competição é muito mais acirrado do que no Brasil ou na América Latina. Os maiores talentos do mundo estão lá e trabalhando para concorrentes. O americano te vê como adversário. Não sofri nada desleal ou antiético, mas é muito difícil", conta.

Por se tratar de um ambiente de bastante disputa, o executivo ressalta a importância de a sociedade estar solidificada em outros mercados, como foi o caso da Movile. A empresa precisou primeiro se estabelecer no Brasil e depois conquistar a América Latina para se sentir segura na América do Norte.

"O ideal é que sua empresa seja destaque no país em que atua para você ousar. Se a firma está com dificuldades para conquistar o Brasil, onde as empresas têm menos capacidade de investimentos e menos concorrência, certamente terá mais problemas nos EUA", conclui.

Se sua ideia é decolar para o Vale do Silício, tenha paciência. Existem muitos passos a serem percorridos antes da linha de chegada. Eduardo garante que tudo é possível quando a empresa é focada e possui um sonho. Mas são necessárias uma série de planejamentos e de análises do mercado local, além de uma boa dose de coragem.

[Olhardigital]

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