10 de janeiro de 2011

Especial CES 2011: TVs inteligentes borram última fronteira entre as 'três telas'

O advento na CES 2011 dos televisores inteligentes, como são chamados os aparelhos dotados de programas especiais para acessar conteúdo da internet, baixar filmes e compartilhar arquivos com computadores e telefones celulares, marca o fim da última barreira que separava as três telas com as quais estamos acostumados a lidar nos dias de hoje.

Fabricantes como Samsung, Sony e Panasonic trouxeram para a feira de Las Vegas, que termina neste domingo, monitores que não se contentam em servir como suporte para imagens provenientes de antenas, DVDs, blu-rays e videogames. Agora, o televisor moderno ousa até baixar aplicativos, moda que começou nos telefones e já se espalhou para outras áreas da tecnologia.

O motor que mais acelerou esta mudança foi o crescimento da disponibilidade de conteúdo em alta definição na internet. E isso não se deve apenas à popularização de serviços de download de filmes e programas de TV como Hulu e Netflix: o próprio internauta, agora equipado com celulares que gravam em 720 linhas de resolução, alimentou sites como o YouTube com vídeos que não fazem feio quando exibidos em tela grande.

A promiscuidade do conteúdo que circulará entre as "três telas e a nuvem", como definiu o presidente da Microsoft Steve Ballmer em 2009, também fica mais clara quando se percebe que o telefone celular ganhou poder de processamento suficiente para servir como tocador de mídia.

A Nvidia, fabricante de aceleradoras gráficas e chips para equipamentos portáteis, demonstrou na CES telefones que, por meio de saída HDMI, conseguem transportar imagens em Full HD para os televisores. Estes aparelhos, a maioria rodando o sistema operacional Android, do Google, servirão como ponte entre a internet e o televisor mais antigo - ou seja, ainda sem o adjetivo "inteligente". LG e Motorola também demonstraram soluções semelhantes.

Máquina multimídia

Antes da TV, o celular já havia deixado de ser uma combinação simples de telefone com agenda eletrônica com o crescimento dos chamados smartphones. Quando passou a reproduzir músicas, filmes e acessar a web, eles se igualaram ao computador, que já na década de 1990 se tornou a máquina multimídia original.

A consolidação da chegada do PC à sala de estar ocorreu de maneira diferente da que se apostava há alguns anos. Os media centers, os "Apple TVs" e "Google TVs" da vida foram ultrapassadas por um videogame. E a Microsoft, que dominou a talvez definhante era dos PCs, caminha à frente com o Xbox 360, principalmente após a chegada do Kinect.

O sistema criado pelo brasileiro Alex Kipman permite usar movimentos e voz para selecionar filmes, músicas, programas de TV e, por que não, até jogar. Para voltar para a menor tela das três que norteiam nossa vida digital, parece mesmo fenômeno que atingiu os telefones celulares: eles servem para tudo, até para telefonar.

O investimento e a aposta na plataforma Xbox, cuja gestação se iniciou ainda na virada do século, sempre ficaram claros. A alternativa para dominar a TV eram os media centers baseados em Windows, mas nunca fez sentido acreditar que a empresa criaria um novo sistema, como a "Microsoft TV", especulação feita por diversos blogs. A Microsoft TV já era, desde o início, o Xbox.

Programa

Nesse ecossistema único, com fronteiras minguantes entre equipamentos, o consumidor poderá ter acesso aos mesmos dados em qualquer que for a situação, sem ser obrigado a trocar de tela para, por exemplo, verificar uma rota entre sua residência e o restaurante escolhido para o almoço de sábado. O mesmo programa - e as mesmas informações - já disponíveis no celular e no computador vão passar para a TV.

Já é possível apostar que será corriqueiro, em um futuro próximo, ver a abertura de seu programa predileto de TV no celular, no caminho para casa, e acompanhar a segunda parte no sofá de casa. E, se uma ligação importante surgir no intervalo comercial antes do próximo bloco, é o televisor que assumirá a função de videofone, ainda que utilizando os sinais do celular que continua em seu bolso.

O televisor também poderá exibir a planilha ou o esboço do projeto enviado por e-mail pelo chefe, que estará, alguns quilômetros acima dali, tablet ou notebook no colo, trabalhando e, no melhor estilo multitarefa, acompanhando as cenas finais daquele mesmo programa.

[Globo]

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