Pelo tamanho, ninguém dá nada por ela. Porém, não é exagero nenhum dizer que a pequenina filmadora GoPro (gopro.com)
está mudando a gramática audiovisual num ritmo alucinante. Feita para
produzir imagens de pontos de vista inusitados, é possível prendê-la na
cabeça, no punho, no peito, em bicicletas, carros, pranchas,
instrumentos e onde mais se conseguir usando os kits de agarras e
traquitanas disponíveis para a maquineta.
Assim,
tomadas que antes custavam milhares de dólares agora podem ser
conseguidas com um equipamento de preço médio de US$ 400, sem perda de
qualidade. Ângulos que eram reservados apenas a atletas de ponta viraram
recorrentes em vídeos on-line. Ver um tubo rodando pela perspectiva do
surfista Kelly Slater, dar um close na roda de um carro em alta
velocidade, mergulhar cara a cara com tubarões, saltar de uma montanha
com base jumpers ou enviar câmeras num balão para filmar a Terra da atmosfera... Com a GoPro, isso é possível.
Criada
pelo surfista Nicholas Woodman, frustrado com a impossibilidade de
registrar suas sessões com as mesma qualidade e proximidade dos
profissionais (daí o nome: GoPro), a câmera evoluiu um bocado desde que
foi lançada, em 2004, ainda como uma máquina fotográfica utilizando
filmes: tornou-se digital, produzindo pequenos clipes de dez segundos, e
no modelo atual faz imagens em HD 1080p, captadas por uma lente fixa de
170 graus, dando conta de quase tudo ao redor, encapsulada numa caixa
estanque à prova d’água e de poeira e resistente a choques. É feita pra
se arriscar.
Com o aumento da qualidade das imagens, logo o cinema
e a TV também passaram a explorar as possibilidades da câmera, e hoje
ela tem sido utilizada para registros tão corriqueiros quanto o primeiro
mergulho de um bebê. O que era um instrumento para praticantes de
esportes radicais transformou-se numa linguagem. O mérito da GoPro está
nas infinitas possibilidades de conteúdo que pode ser gerado.
Por
não possuir uma tela para acompanhar as imagens e funcionar com foco
fixo e abertura automática, a pegada da GoPro é extremamente intuitiva. E
dessa praticidade vêm a intimidade e o calor do que é filmado. Ao
acoplar a câmera em lugares antes impossíveis para um equipamento normal
e registrar situações de modo pessoal, consegue-se proximidade com
assuntos inatingíveis com câmeras muito melhores.
Diferentemente
do que foi visto quando as câmeras fotográficas da Nikon e da Canon
passaram a também filmar, estabelecendo uma espécie de ditadura
estética, em que os vídeos (quase sempre filmados nos ajustes
automáticos), tinham a mesma textura, cada vídeo da GoPro é uma viagem
particular.
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