Houve lembranças, emoção, lágrimas... A cerimônia que oficializou a
entrada de Gustavo Kuerten no Hall da Fama Internacional do Tênis,
contudo, foi uma celebração do caráter humanitário do tricampeão de
Roland Garros e da gratidão do catarinense a seus exemplos. Nesta
quarta-feira, em São Paulo, Guga só comentou seus feitos quando indagado
por jornalistas. Quando teve o microfone livre, falou de seus pais e de
dois ídolos que presenciaram a cerimônia: Maria Esther Bueno e Thomaz
Koch.
Guga enxuga lágrimas após rever imagens de sua carreira (Foto: Anderson Rodrigues/Globoesporte.com)
Guga se junta a Maia Esther Bueno no Hall da Fama (Foto: Anderson Rodrigues/ Globoesporte.com)
[Globo]
Guga enxuga lágrimas após rever imagens de sua carreira (Foto: Anderson Rodrigues/Globoesporte.com)
- Tenho que confessar que nos meus primeiros 10 ou 12 anos de tênis, eu
nem sabia que o Hall da Fama existia. Estava muito longe das minhas
expectativas ou imaginacão. Agora sei o quanto é importante estar lá.
Sei que tive pessoas para seguir, como a Maria Esther e o Thomaz,.
Pessoas que me ajudaram a encontrar uma maneira de acreditar que isso
seria possível. Na imaginação do meu pai, eu não conseguia chegar tão
longe. Eu tive exemplos aqui no Brasil em geral, como o Ayrton Senna,
que foi um mito e me orientou no começo da carreira, e também os
tenistas internacionais, obviamente. Bjorn Borg, John McEnroe, caras
dessa esfera. Depois Sampras, e Agassi.
Em 13 anos de carreira, Gustavo Kuerten conquistou 466 vitórias (358 em
simples), levantou 28 troféus (20 em simples), triunfou três vezes em
Roland Garros, ocupou o posto mais alto do ranking mundial por 43
semanas e levou o Brasil às semifinais da Copa Davis. O presidente do
Hall da Fama, Christopher Clouser, nem citou os números. Ao anunciar a
entrada de Guga, o executivo falou dos feitos fora de quadra.
- No ano passado, em Newport (EUA), tivemos a entrada de Andre Agassi.
Além de ser um grande jogador, Andre, como Guga, é um grande
humanitário. Ele usou a força do tênis para melhorar a vida das pessoas.
Guga, como grande jogador, mas também grande humanitário, estou feliz
em anunciar que você foi eleito para o Hall da Fama.
Pouco depois das palavras de Clouser, imagens da carreira de Guga foram
exibidas nos telões do auditório. Ao rever suas conquistas e até o
discurso de despedida no Brasil Open, em 2008, o catarinense não conteve
as lágrimas. A cerimônia de imortalização será no dia 14 de julho, em
Newport, no Hall da Fama, em cerimônia televisionada internacionalmente e
com cerca de 7 mil espectadores no local. Junto com o brasileiro,
entrarão para o Hall o espanhol Manuel Orantes, o cadeirante Randy Snow e
o promotor Mike Davis.
É possível até dizer que o catarinense de 35 anos entra para o Hall
antes da hora. O costume é que um atleta só seja eternizado cinco anos
depois de sua aposentadoria. Guga, porém, não precisou tanto. Como ficou
muito tempo parado por causa de sua lesão no quadril, já cumpriu o
período exigido de cinco anos sem resultados significantes no circuito.
Os outros quesitos para sua imortalização eram um "currículo distinto de
feitos competitivos no mais alto nível internacional", além de
"integridade, esportividade e caráter". Indicado para o Hall da Fama em
agosto do ano passado, o brasileiro precisava de 75% de aprovação em uma
votação realizada em janeiro deste ano com integrantes da imprensa
especializada internacional.
Guga se junta a Maia Esther Bueno no Hall da Fama (Foto: Anderson Rodrigues/ Globoesporte.com)
Ainda há trabalho a ser feito
Guga acredita que seu maior feito no esporte tenha sido levar o tênis a
uma camada mais abrangente da população brasileira. Hoje, enquanto
cuida de seu projeto social, o Instituto Guga Kuerten, e trabalha ao
lado da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) para melhorar o trabalho
de base no país, o ex-número 1 afirma que vai continuar se esforçando
para deixar a modalidade cada vez mais acessível.
- (O maior feito) foi trazer o tênis para a boca das pessoas na rua,
seja na padaria, no açougue, no supermercado, coisa que não existia. E
trazer o tenista, aquela pessoas intocável, para uma pessoa mais comum.
Isso me dá uma satisfação bastante especial. Era difícil acreditar, mas
hoje, me emocionando com essas imagens, com a minha trajetória... de uma
certa forma, também mereço estar presente neste espaço que simboliza
toda a história do tênis até hoje. Eu continuo com o objetivo de trazer o
tênis para uma esfera mais popular. O que eles (Koch e Bueno) fizeram
tem que ser relembrado para sempre. A Maria Esther bota Federer, Nadal,
essa turma toda no bolso. E a gente não convive muito com isso no dia a
dia.
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