O ano de 2011 foi um marco no segmento tecnológico
por vários motivos, mas um que vale ressaltar é o fato desse ser o
vigésimo aniversário do www, ou a rede mundial de computadores (não
confundir com "internet"). Se, até alguns anos atrás, você dependia
exclusivamente de um computador pessoal para navegar na "teia mundial",
hoje o que se tem é um outro paradigma: qualquer coisa pode ser um ponto
de acesso à internet, bastando apenas empregar a tecnologia correta
para isso.
Assim como os smartphones, que já correspondem a
um enorme percentual de acessos à rede, a Ford prevê que você também
ficará online dentro do seu carro – usando o próprio carro como
canal de acesso: "Basta observar as pessoas na rua", diz Claudio Moles,
Gerente de Engenharia Elétrica da montadora norte-americana. "Hoje,
todo mundo tem um telefone à mão, enviando mensagens e se conectando às
redes sociais. A Ford simplesmente pegou o que já existe e instalou
dentro de um carro".
"O carro", no caso, é o Ford EDGE 2012, que foi
apresentado à imprensa e deve chegar às concessionárias de todo o Brasil
na segunda quinzena de janeiro de 2012. O novo SUV da Ford tem a
capacidade de permitir que motoristas e passageiros acessem a internet
convencionalmente, através de uma conexão compartilhada, criada quando
se insere um modem 3G na porta USB do automóvel. A questão é: isso é
feito apenas nos EUA. De acordo com Jader de Amorim e Juliano Medeiros,
respectivamente, Engenheiro de Desenvolvimento do sistema Sync e
Engenheiro de Infotainment da Ford, os modems 3G das operadoras
brasileiras não oferecem suporte ao veiculo. "É uma questão de
instalação de drivers, na verdade: a tecnologia existe no carro
nacional, mas os modems não possuem o reconhecimento necessário para
criar o ambiente compartilhado", diz Juliano.
Entretanto, conforme nossa entrevista com o
especialista em sistemas embarcados, Jack Ganssle, apontou, apenas o
fato de você se conectar pelo automóvel já é uma maneira de deixar a
porta aberta para que hackers "tentem invadir o seu carro" também. Os
executivos, que afirmam terem lido o artigo,
dizem que a segurança sempre foi a primeira preocupação da Ford. Jader
diz que a montadora conta com um departamento específico para o
desenvolvimento de sistemas de proteção: "Trabalhamos na política de layers
– ou seja, criamos camadas de segurança com dificuldade crescente de
invasão. As comunicações diretas são completamente isoladas dos
componentes vitais do carro e até mesmo nossas redes passivas transmitem
dados criptografados. É possível burlar? Sim. Tudo é possível hoje. Mas
o grau de dificuldade que colocamos incentiva o invasor a desistir –
nós preferimos'vencer pelo cansaço'".
Claudio ainda complementa, dizendo que "mesmo
com tudo isso, nós estamos ativamente de olho no sistema que criamos. A
partir do momento que alguém entra em nossa segurança, antes de algo ser
feito, nós já detectamos a intrusão e mudamos o esquema de proteção. É
um jogo de gato e rato".
A questão que sobra, então, é a adoção dessas
novidades tecnológicas pela massa. Convenhamos, o EDGE, com seu preço
chegando a quase R$ 150 mil, não é exatamente um produto destinado à
classe C. Contra isso, Claudio argumenta: "de fato, o EDGE não é feito
com o grande público em mente. É um veículo elitizado. Mas isso é uma
questão de popularização do sistema – o novo Fiesta (Fiesta Hatch)
também conta com alguns destes recursos de interação".
E você, leitor? Acha que os carros conectados
estão chegando para ficar? Ou acredita que isso tudo não passa de uma
moda passageira? Dê sua opinião nos comentários abaixo.
[Olhardigital]
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