À primeira vista, as restrições alimentares propostas pelo clínico
geral americano Mike Moreno, criador do programa dos 17 dias, são as
mesmas que você já ouviu uma infinidade de vezes: menos calorias,
gorduras, açúcar e sal. Mas, com um olhar mais cuidadoso, é possível
descobrir por que a dieta (em livro no Brasil pela Editora Sextante por
R$ 24,90) está fazendo tanto sucesso — é a mais popular atualmente nos
Estados Unidos, figurando entre os best sellers do jornal The New York Times.
Segundo o autor, para emagrecer, não adianta apenas reduzir a
quantidade de comida ingerida. Ele afirma que o segredo está no tipo de
alimento que você come e na maneira como ele é digerido e metabolizado.
Moreno dividiu o processo de emagrecimento em quatro fases, as três primeiras com 17 dias e a última que deve durar para sempre, pois se trata da manutenção (leia o quadro). Em cada uma delas, os itens do cardápio e o tamanho das porções são organizados de maneira a dar uma verdadeira chacoalhada no metabolismo, fazendo com que trabalhe mais rapidamente e com mais eficiência, o que resulta em mais calorias torradas. Estudos já comprovaram que essa estratégia evita também que a perda de peso estacione depois de um tempo, impede o acúmulo de toxinas e facilita a absorção dos nutrientes. Na opinião do médico americano, 68 dias (período que dura a dieta, contando os 17 primeiros dias da quarta fase) é o tempo necessário para se acostumar às mudanças alimentares e conseguir adotá-las de vez. O livro não deixa espaço para desculpas, pois traz cardápios especiais para quem sofre de TPM, viaja muito ou come sempre fora de casa, além de algumas receitas.
Quem
segue o programa direitinho pode chegar ao fim do primeiro ciclo (17
dias) com 5 quilos a menos. “Mas, se o seu organismo não estiver
acostumado a regimes alimentares, é possível que a perda de peso seja
ainda maior”, afirma a nutricionista carioca Virgínia Nascimento,
vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição e revisora técnica
da versão brasileira do livro. Quem está habituada a dietas que prometem
secar vários quilos em uma semana pode achar o período de 17 dias muito
longo. “É preciso levar em consideração que esses resultados rápidos
são irreais e, muitas vezes, a pessoa fica desidratada ou tem de fazer
restrições radicais, como parar completamente de comer carboidrato, o
que não é uma boa ideia, tanto para a saúde quanto para a eficácia do
processo de emagrecimento”, diz Virgínia. O médico americano afirma que
aquelas que toparem seguir seu plano não sentirão fome e ainda passarão
por uma reeducação alimentar. Assim, ao contrário do que acontece com os
programas que oferecem resultados milagrosos, com a dieta dos 17 dias
você não recupera o peso perdido quando chega à manutenção.
Nas
duas primeiras fases do regime, quando os carboidratos são mais
restritos, a sugestão é praticar exercícios aeróbicos diariamente, mas
apenas por 17 minutos. Na terceira fase, em que as massas e os pães
voltam a ser permitidos, o indicado é suar a camisa por no mínimo 45
minutos e, na quarta fase, quando a meta já foi atingida, a sessão de
malhação deve ser ainda mais longa.
Os especialistas
brasileiros acreditam que a dieta dos 17 dias é, sim, uma boa aposta,
mas fazem algumas ressalvas. “O lado bom é que o programa incentiva a
ingestão de alimentos saudáveis e dá preferência àqueles com baixo
índice glicêmico, que demoram mais para se transformar em glicose no
sangue, aumentando a sensação de saciedade”, diz a nutróloga Luciana
Carneiro, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica, a Abeso. “Minha crítica é em relação à falta de
carboidratos da primeira fase, pois isso provoca uma baixa na energia, o
que dificulta as atividades do dia a dia, especialmente a prática de
exercícios, e provoca mau humor.” Na opinião do endocrinologista Fabiano
Serfaty, do Rio de Janeiro, a dieta não é tão diferente das outras:
“Nos primeiros 17 dias, ela propõe uma restrição considerável de
carboidratos, o que é responsável por grande parte do emagrecimento. O
interessante é que ela trabalha com metas, e isso é muito bom, pois
imaginar um período de restrição alimentar interminável desestimula
qualquer um.”
[Globo]
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