Globo já considera ter portal interativo na TV, independente da programação

Agora que as normas dos dois perfis de interatividade para o Sistema Brasileiro de TV Digital, baseadas no Ginga, estão na ABNT, e a LG acaba de colocar no mercado o primeiro televisor interativo, chegou a hora de ouvir dos radiodifusores, que movimentos podemos esperar deles nos próximos meses para tirar proveito dos recursos disponíveis, começando pela Rede Globo.

Com a palavra, Raymundo Barros, diretor da Central Globo de Engenharia.

Circuito – Quais são os planos da Globo para a interatividade? Será sempre relacionada ao programa em exibição, ou podemos esperar alguns aplicativos “genéricos”, que possam ser acessados pelo telespectador a qualquer horário?

Raymundo Barros – Como regra geral, todos os conteúdos da TV Globo podem ser complementados com uma aplicação interativa Ginga. Como a interatividade está apenas começando, teremos nesse início apenas alguns programas contando com esse recurso. Novelas, futebol, reality shows e jornalismo são os principais candidatos.

Ter uma espécie de portal interativo no ar ao longo de todo o dia com notícias, esporte e entretenimento é uma opção que está sendo considerada também.

E não podemos esquecer que há uma enorme oportunidade com as aplicações interativas Ginga para os dispositivos 1-Seg que devem ser lançados nos próximos meses e que podem construir modelos de negócio convergentes com as operadoras de Telecom.

C – Na SET, você defendeu a tese de que todo televisor broadband fosse também interativo. Viesse com o Ginga em sua especificação completa. A emissora continua pensando assim? Podemos imaginar que, no Brasil, broadband TV conviverá com o GINGA no mesmo receptor?

RB - Há uma significativa diferença entre a TV interativa Ginga e Broadband TV (TVs conectadas na internet). A TV interativa Ginga é a plataforma ideal para conteúdos interativos relacionados com o programa que está no ar e que complementam a experiência de assistir o conteúdo linear das TVs abertas. Essas aplicações serão muito ricas, viabilizando a participação em enquetes, votos, acesso a vídeos adicionais pelo canal de interatividade relacionados com o programa que está sendo transmitido e, em algum momento no futuro, até comércio eletrônico de produtos relacionados ao programa.

Já o broadband TV tem como proposta a oferta de conteúdos sob demanda, principalmente vídeos, através da conexão que o televisor possui com a internet em banda larga. Esses vídeos não possuem nenhuma relação com os programas que estão sendo transmitidos pelos canais lineares e NÃO DIVIDEM A TELA com esses programas. As propostas de maior aceitação em pesquisas já divulgadas é o consumo de vídeo sob demanda ( locadora de filmes virtual) e o catch-up TV (assistir o capitulo do dia anterior da novela por exemplo). Os modelos de negocio passam por assinatura, pay per view e publicidade.

Um grande problema do Broadband TV é a falta de um padrão aberto. Hoje cada fabricante tem um padrão específico e os portais de internet devem adequar seus servidores a esses requisitos específicos para terem seus conteúdos apresentados na tela dessas TVs.

Alguns fabricantes lançaram TVs conectadas que exploram widgets, que de forma oportunística sobrepõem esses aplicativos no vídeo dos canais lineares (TVs abertas). Esses modelos são totalmente inaceitáveis, pois querem “pegar uma carona” não oferecida na popularidade dos conteúdos de propriedade dos canais de TV.

Sem dúvida o que seria o modelo de TV ideal é aquele que permite a interatividade relacionada com os conteúdos sendo transmitidos naquele momento pelos broadcasters usando a plataforma Ginga e que ofereçam também, através de um padrão tecnológico aberto, não necessariamente Ginga, acesso a portais de vídeo para consumo sob demanda via banda larga.

Tenho certeza que veremos esse dia chegar, em breve.

Em tempo: Desde o ano passdo a Rede Globo vem fazendo testes com interatividade em dispositivos móveis usando o conteúdo do Big Brother Brasil e do Brasileirão. A expectativa é de que surpreenda a todos com algum tipo de interatividade em terminais 1-Seg já na Copa.

[IDG]