Extravagante ou discreto, clássico ou moderno, o estilo proposto pelas
principais marcas de moda está cada vez mais presente na hotelaria.
Grifes como Bulgari, Armani e Missoni investem em hotéis – movimento que
começoude forma tímida há 20 anos – e provam que, na era do lifestyle, a
moda vai bem além do closet. Apenas no segundo semestre deste ano, o
grupo LVMH (detentor de marcas como Louis Vuitton, Kenzo, Givenchy e
Fendi) anunciou a compra de um cinco estrelas na Ilha de St. Barths. Já a
Versace fechou contrato para construir um hotel-cassino em Macau. A
Missoni não confirma a data de inauguração, mas sabe-se que a marca
planeja um resort na Ilha de Cajaíba, em São Francisco do Conde, na
Bahia. É o Brasil entrando na tendência global.
–
Um hotel vai além dos limites da moda, é algo que irá perdurar ao longo
do tempo. Meu desejo foi deixar um exemplo duradouro do meu trabalho –
explica Giorgio Armani, que tem hotéis em Dubai e Milão.
A
sobriedade descomplicada de Armani está na torre mais alta do mundo, a
Burj Khalifa, onde os hóspedes encontram oito tipos de suítes, além de
sete restaurantes e um luxuoso spa. É a sobriedade na versão
petrodólares. Já o hotel de Milão, na Via Manzoni 31, tem lojas com
produtos da marca. Além de se hospedar em Armani, o hóspede pode sair do
hotel com a grife dos pés à cabeça, perfume incluído.
–
Minha inspiração para os hotéis vem de meus clientes, pessoas que
compartilham da minha estética e querem um lugar em que se sintam em
casa e relaxadas – conta o estilista, cuja paixão pelo design de
interiores cresceu ao desenvolver a linha Armani/Casa: – Eu fiquei
curioso sobre como as peças ficariam em um espaço criado por mim. É
também uma maneira de oferecer aos meus clientes um estilo de vida
Armani mais abrangente.
O italiano não gosta de falar
sobre projetos futuros para não atrair mau-olhado. Mas a mídia britânica
especula que Londres deverá receber o terceiro hotel da marca. Como os
anteriores, esse deverá ter como sócio um grupo de investimentos árabe.
Donatella
Versace era só sorrisos no início de setembro quando assinou acordo
para a construção do novo Palazzo Versace. Com custo estimado em US$ 322
milhões, o hotel ficará dentro de um resort em Macau, terá 270 quartos e
centenas de mesas de jogos. A própria Donatella será a responsável pelo
design do hotel chinês, uma garantia de exuberância. Mas a Versace não
para por aí: até o fim do ano que vem, a marca abrirá um hotel em Dubai.
Existe lugar melhor para a exuberância da grife italiana? Espere por
muitos detalhes dourados, colunas e lustres de cristal.
O
grupo LVMH possui uma divisão de hotelaria desde 2010, mas prefere não
assinar o nome das grifes que controla em seus hotéis. Em julho deste
ano, o conglomerado anunciou a compra do Saint-Barth Isle de France, na
paradisíaca ilha caribenha. A propriedade, que tem vilas com piscinas
privadas, foi eleita a melhor das ilhas do Atlântico e do Caribe pela
revista "Condé Nast Traveler", especializada em turismo de luxo.
O
portfólio do grupo LVMH inclui ainda o White 1921, em Saint-Tropez, e
os hotéis Cheval Blanc. O de Courchevel é um dos resorts mais exclusivos
da França. O das Maldivas tem inauguração prevista para este mês. E
estão em construção ainda unidades em Omã, no Egito e em Paris.
–
Mais do que comprar um artigo de luxo, esses hotéis são para quem quer
viver o luxo – define o arquiteto Maurício Queiroz, especialista em
design de consumo.
A famosa estampa de ziguezague da
Missoni já está em hotéis na Escócia e no Kuwait. Agora, a grife
italiana planeja um resort na Ilha de Cajaíba, em São Francisco do
Conde, na Bahia. Segundo o grupo Rezidor, que administra os hotéis
Missoni, as obras estão paradas e ainda não há previsão de abertura para
o hotel brasileiro da marca. Será questão de tempo?
No
Rio, o Caesar Park vai passar por uma reforma e virar Sofitel So até
2015. O hotel de Ipanema, como os demais do selo, terá design assinado
por um grande nome da moda, ainda não confirmado. Em Bangcoc, Lacroix
foi o responsável pelo design; nas Ilhas Maurício, a obra foi de Kenzo; e
o de Cingapura, que será inaugurado em março de 2014, teve sua logo
criada por Lagerfeld.
Foi Pierre Cardin quem inaugurou,
na década de 1980, a tendência de hotéis com a assinatura de grifes ao
abrir o Residence Maxim's, em Paris, decorado com sua coleção particular
de obras de arte. No início dos 1990, o dono da Diesel, Renzo Rosso,
comprou o hotel Pelican, no então decadente distrito art déco de South
Beach, Miami.
A Ferragamo foi outra pioneira no setor
hoteleiro grifado, criando o grupo Lungarno Hotels nos anos 1990. Em
Florença, por exemplo, a família Ferragamo tem cinco hotéis (Lungarno,
Continentale, Gallery Hotel Art, Lungarno Apartments e Lungarno Suites –
que está fechado para reforma e vai reabrir em 2014 como Portrait
Suites), um restaurante e um museu. É a experiência completa do
lifestyle criado por Salvatore Ferragamo. O grupo ainda tem um hotel em
Roma.
Em se tratando de Itália, Milão é a referência em
termos de hotéis assinados por grifes. Além da Armani, Bulgari e
Moschino têm hospedagens na cidade. A Bulgari está ainda em Londres e
Bali. A marca também está construindo um Bulgari Hotel em Xangai, que
deverá ficar pronto em 2015.
A brasileira Gloria Coelho
será a primeira a assinar o interior de um hotel por aqui. Será dela o
Best Western Plus Arpoador Fashion Hotel, com inauguração prevista para
2015. A rede Incortel, responsável pelo projeto, já anunciou que prepara
o lançamento de outros hotéis em parceria com estilistas brasileiros.
Os nomes ainda não foram anunciados, mas Gloria adianta que o trabalho
influencia as passarelas.
– Ainda estamos trabalhando na
concepção da decoração, que certamente refletirá meu estilo. O curioso é
que a pesquisa tem feito com que a arquitetura influencie as minhas
coleções – disse Gloria, cujo desfile para o inverno 2014 teve como
referências a geometria e a arquitetura.
[Globo]
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