14 de dezembro de 2013

Grifes de moda levam o estilo das passarelas para a hotelaria

Extravagante ou discreto, clássico ou moderno, o estilo proposto pelas principais marcas de moda está cada vez mais presente na hotelaria. Grifes como Bulgari, Armani e Missoni investem em hotéis – movimento que começoude forma tímida há 20 anos – e provam que, na era do lifestyle, a moda vai bem além do closet. Apenas no segundo semestre deste ano, o grupo LVMH (detentor de marcas como Louis Vuitton, Kenzo, Givenchy e Fendi) anunciou a compra de um cinco estrelas na Ilha de St. Barths. Já a Versace fechou contrato para construir um hotel-cassino em Macau. A Missoni não confirma a data de inauguração, mas sabe-se que a marca planeja um resort na Ilha de Cajaíba, em São Francisco do Conde, na Bahia. É o Brasil entrando na tendência global.

– Um hotel vai além dos limites da moda, é algo que irá perdurar ao longo do tempo. Meu desejo foi deixar um exemplo duradouro do meu trabalho – explica Giorgio Armani, que tem hotéis em Dubai e Milão.

A sobriedade descomplicada de Armani está na torre mais alta do mundo, a Burj Khalifa, onde os hóspedes encontram oito tipos de suítes, além de sete restaurantes e um luxuoso spa. É a sobriedade na versão petrodólares. Já o hotel de Milão, na Via Manzoni 31, tem lojas com produtos da marca. Além de se hospedar em Armani, o hóspede pode sair do hotel com a grife dos pés à cabeça, perfume incluído.

– Minha inspiração para os hotéis vem de meus clientes, pessoas que compartilham da minha estética e querem um lugar em que se sintam em casa e relaxadas – conta o estilista, cuja paixão pelo design de interiores cresceu ao desenvolver a linha Armani/Casa: – Eu fiquei curioso sobre como as peças ficariam em um espaço criado por mim. É também uma maneira de oferecer aos meus clientes um estilo de vida Armani mais abrangente.

O italiano não gosta de falar sobre projetos futuros para não atrair mau-olhado. Mas a mídia britânica especula que Londres deverá receber o terceiro hotel da marca. Como os anteriores, esse deverá ter como sócio um grupo de investimentos árabe.

Donatella Versace era só sorrisos no início de setembro quando assinou acordo para a construção do novo Palazzo Versace. Com custo estimado em US$ 322 milhões, o hotel ficará dentro de um resort em Macau, terá 270 quartos e centenas de mesas de jogos. A própria Donatella será a responsável pelo design do hotel chinês, uma garantia de exuberância. Mas a Versace não para por aí: até o fim do ano que vem, a marca abrirá um hotel em Dubai. Existe lugar melhor para a exuberância da grife italiana? Espere por muitos detalhes dourados, colunas e lustres de cristal.

O grupo LVMH possui uma divisão de hotelaria desde 2010, mas prefere não assinar o nome das grifes que controla em seus hotéis. Em julho deste ano, o conglomerado anunciou a compra do Saint-Barth Isle de France, na paradisíaca ilha caribenha. A propriedade, que tem vilas com piscinas privadas, foi eleita a melhor das ilhas do Atlântico e do Caribe pela revista "Condé Nast Traveler", especializada em turismo de luxo.

O portfólio do grupo LVMH inclui ainda o White 1921, em Saint-Tropez, e os hotéis Cheval Blanc. O de Courchevel é um dos resorts mais exclusivos da França. O das Maldivas tem inauguração prevista para este mês. E estão em construção ainda unidades em Omã, no Egito e em Paris.

– Mais do que comprar um artigo de luxo, esses hotéis são para quem quer viver o luxo – define o arquiteto Maurício Queiroz, especialista em design de consumo.

A famosa estampa de ziguezague da Missoni já está em hotéis na Escócia e no Kuwait. Agora, a grife italiana planeja um resort na Ilha de Cajaíba, em São Francisco do Conde, na Bahia. Segundo o grupo Rezidor, que administra os hotéis Missoni, as obras estão paradas e ainda não há previsão de abertura para o hotel brasileiro da marca. Será questão de tempo?

No Rio, o Caesar Park vai passar por uma reforma e virar Sofitel So até 2015. O hotel de Ipanema, como os demais do selo, terá design assinado por um grande nome da moda, ainda não confirmado. Em Bangcoc, Lacroix foi o responsável pelo design; nas Ilhas Maurício, a obra foi de Kenzo; e o de Cingapura, que será inaugurado em março de 2014, teve sua logo criada por Lagerfeld.

Foi Pierre Cardin quem inaugurou, na década de 1980, a tendência de hotéis com a assinatura de grifes ao abrir o Residence Maxim's, em Paris, decorado com sua coleção particular de obras de arte. No início dos 1990, o dono da Diesel, Renzo Rosso, comprou o hotel Pelican, no então decadente distrito art déco de South Beach, Miami.

A Ferragamo foi outra pioneira no setor hoteleiro grifado, criando o grupo Lungarno Hotels nos anos 1990. Em Florença, por exemplo, a família Ferragamo tem cinco hotéis (Lungarno, Continentale, Gallery Hotel Art, Lungarno Apartments e Lungarno Suites – que está fechado para reforma e vai reabrir em 2014 como Portrait Suites), um restaurante e um museu. É a experiência completa do lifestyle criado por Salvatore Ferragamo. O grupo ainda tem um hotel em Roma.

Em se tratando de Itália, Milão é a referência em termos de hotéis assinados por grifes. Além da Armani, Bulgari e Moschino têm hospedagens na cidade. A Bulgari está ainda em Londres e Bali. A marca também está construindo um Bulgari Hotel em Xangai, que deverá ficar pronto em 2015.

A brasileira Gloria Coelho será a primeira a assinar o interior de um hotel por aqui. Será dela o Best Western Plus Arpoador Fashion Hotel, com inauguração prevista para 2015. A rede Incortel, responsável pelo projeto, já anunciou que prepara o lançamento de outros hotéis em parceria com estilistas brasileiros. Os nomes ainda não foram anunciados, mas Gloria adianta que o trabalho influencia as passarelas.

– Ainda estamos trabalhando na concepção da decoração, que certamente refletirá meu estilo. O curioso é que a pesquisa tem feito com que a arquitetura influencie as minhas coleções – disse Gloria, cujo desfile para o inverno 2014 teve como referências a geometria e a arquitetura.

[Globo]

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