A partir deste domingo, Oscar Schmidt passará a integrar um time de
lendas do basquete que conta com nomes como Michael Jordan, Magic
Johnson, Wilt Chamberlain, entre outros. O brasileiro faz parte da turma
de 2013 do Hall da Fama do basquete, no Naismith Memorial, e terá sua
entrada para a seleta lista em cerimônia na cidade de Springfield, nos
Estados Unidos.
Os números obtidos na carreira não deixam dúvidas de que Oscar merece
estar no panteão dos deuses do basquete. Maior pontuador das Olimpíadas e
dos Mundiais, o 'Mão Santa' detém uma série de recordes individuais e é
considerado o maior cestinha da história, tendo marcado 49.737 pontos
(números não oficiais).
"O Oscar é uma referência do basquete brasileiro fora e dentro do país.
Seu tipo de jogo ainda é muito usado na NBA, onde cada equipe pega um
jogador com muito potencial ofensivo para as grandes ocasiões e ele é o
escolhido na maioria das vezes para decidir um jogo. O Oscar fazia muito
bem isso", disse o técnico da seleção brasileira, o argentino Rubén
Magnano.
Ao lado de Marcel, Oscar foi expoente de uma geração da seleção
brasileira que mudou os rumos do basquete mundial. Nos Jogos
Pan-Americanos de Indianápolis-1987, a equipe verde-amarela surpreendeu
ao vencer na decisão os Estados Unidos, que contavam com o futuro astro
David Robinson, na casa do adversário. A partir daquela ocasião, os
norte-americanos passaram a levar os profissionais da NBA para as
principais competições.
O brasileiro teve a chance de se juntar à melhor competição de basquete
do mundo, mas recusou o convite para jogar na NBA. Selecionado no Draft
de 1984 pelo New Jersey Nets, declinou a oportunidade em prol da
seleção brasileira. Naquela época, apenas atletas considerados
'amadores' podiam atuar nas equipes nacionais.
Oscar ainda fez parte de outro título histórico do basquete brasileiro.
Em 1979, ajudou o Sírio a conquistar o Mundial interclubes, o único do
país até hoje. O adversário na decisão foi o KK Bosna, base da seleção
iugoslava que se sagraria campeã mundial em 1990.
Tricampeão brasileiro, Oscar também fez sucesso na Europa, atuando na
Itália e na Espanha, sempre como cestinha. Lá, tornou-se ídolo do jovem
Kobe Bryant, que morava no 'Velho Continente' com o pai e teve o
brasileiro como uma de suas principais referências na vitoriosa carreira
construída na NBA muitos anos depois.
"Cresci vendo o Oscar jogar contra meu pai, sempre o chamei de 'A
Bomba'. Ele sempre será uma lenda. Este cara é o número 1", comentou
Kobe, que se encontrou com o ídolo durante sua passagem pelo país.
Influência para as gerações seguintes
Kobe não foi o único a ser influenciado por Oscar. Além dos títulos e
marcas individuais, o 'Mão Santa' ganhou uma legião de seguidores no
Brasil e viu seu estilo de jogo, ofensivo e de muitos arremessos, ser
copiado por quase três décadas no basquete nacional, nem sempre com bons
resultados.
O advento da linha de três pontos e a presença de arremessadores
precisos como Oscar e Marcel fez com que a seleção brasileira dos anos
80 construísse seu estilo em cima dos chutes de longa distância. Após a
aposentadoria da dupla, a tendência se manteve no time nacional, com
nomes como Marcelinho Machado e Leandrinho.
"Fomos precursores, funcionava bem conosco, mas o jogo mudou e se
jogássemos hoje não sei se continuaríamos fazendo isso. O Brasil
insistiu no mesmo tipo de jogo [após geração de 87] e ficamos jogando
igual sem as armas que tínhamos. Insistimos nesse jogo histérico de
contra-ataque quando ninguém mais fazia isso e perdemos 15 anos",
afirmou Marcel.
A chegada de Magnano, com um estilo coletivo e de defesa forte, pôs fiz
à era do jogo ofensivo e de muitos arremessos na seleção. O argentino,
porém, rasga elogios a Oscar e acredita que o 'Mão Santa' ainda seria o
grande destaque nos dias de hoje.
"Um jogador com a precisão do Oscar faria sucesso em qualquer época na
história do basquete mundial. Lógico que, nos momentos atuais, teria que
sofrer alguns ajustes. Mas o sucesso dele seria igual ao que alcançou
em sua época. Faria sucesso sempre", opinou o treinador.
OSCAR E A INFLUÊNCIA NO BASQUETE BRASILEIRO
-
MARCELINHO MACHADO
"Oscar foi a grande influência da minha geração, abdicou de muitas coisas pelo basquete. Sempre se dedicou à perfeição nos treinos, abria mão de descanso. Nunca esteve envolvido em problemas fora da quadra, muito correto. Foi um exemplo para as gerações futuras"
-
LEANDRINHO
"Nunca tive muita ligação com ele, mas o legado que Oscar deixou no basquete foi sua seriedade. Todo mundo sabe da história de sua dedicação, de ficar arremessando depois do treino. Me habituei a ser assim também, um cara de treinar muito"
-
RUBÉN MAGNANO
"O maior legado que Oscar deixou não foram suas atuações e os pontos que marcou. E foram muitos pontos. Foi à vontade de jogar, o amor que tinha de vestir a camisa da seleção"
-
MARQUINHOS
"O Oscar é um ídolo meu, tanto que visto a camisa 14 na seleção por causa dele. Quando eu estava começando, ele foi na escolinha em que eu jogava, falar com a meninada. Procuro me espelhar nele para os arremessos, mas claro que não tenho a mesma perfeição"
-
MARCEL
"O Oscar representa o sucesso de toda uma geração. Seu principal legado é o seu comprometimento com o jogo. Podiam falar qualquer coisa dele, menos criticar seu comprometimento"
[Uol]
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Digite aqui seu comentário.