A delegação de Tóquio deixou claro que, para ela, a realização da
Olimpíada na cidade será um meio de superar o trauma por conta da
tsunami que atingiu o Japão em 2011. O acidente nuclear de Fukushima,
causado pela onda gigante, era o ponto fraco da candidatura japonesa,
mas seus efeitos foram contidos por explicações dos representantes do
país. Antes, na edição dos Jogos de 1964, foi um marco para deixar para
trás a Segunda Guerra, que destruiu o país com duas bombas nucleares.
"Queríamos aparecer para expandir o movimento olímpico. Em 2020, o
movimento olímpico estará no seu melhor lugar. Em 1964, não será só para
o Japão, mas para toda a Asia. Um monte de jovens vai viajar para
difundir o esporte. Esse é o poder que tivemos depois do tsunami. A
situação estava bem difícil. E todos trabalharam e conseguiram. Hoje,
vemos pais brincando com filhos. Precisamos de esperança e sonhos.
Poderemos fazer uma reconstrução (a partir da Olimpíada)", afirmou o
primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe
O político ainda comparou os novos Jogos aos realizados em 1964, quando
o país tinha enfrentado a Segunda Guerra, 19 anos antes. Durante o
conflito, o Japão foi atingido por duas bombas nucleares jogadas pelos
EUA. "Em 1964, era apenas 19 anos depois da grande guerra. Nós estávamos
nos levantando da pobreza. O objetivo era desenvolver os Jogos. Muitos
japoneses foram pra o exterior para conhecer os esportes", completou
Abe.
Em relação à Fukushima, Abe foi o responsável por rebater as
desconfianças dos membros do COI sobre possíveis vazamentos da usina
nuclear. Garantiu que os níveis de radiação eram pequenos e estavam
bloqueados. Além disso, prometeu medidas adicionais para evitar qualquer
possível contaminação.
Apesar da similaridade da superação de desastres, a escolha de Tóquio
em 2013 ocorre em uma época bem diferente dos Jogos Olímpicos. Em 1964, a
Olimpíada apenas engatinhava na exploração do marketing, e tinha
receitas reduzidas. Era financiada, essencialmente, pelo Estado.
O atual plano japonês, embora fundado fortemente no dinheiro do
governo, tem um gama de parceiros corporativos como mostrado pela
candidatura. A ideia é que empresas privadas ajudem de forma decisiva no
financiamento da competição, o que não tem ocorrido no Rio de Janeiro.
Há dinheiro apenas para o comitê organizador local e, ainda assim, não
se sabe se o suficiente para cobrir todos os fundos.
[Uol]
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