Numa gangorra em que estrelas outrora poderosas como Nicolas Cage
caem de popularidade e novatos como Channing Tatum sobem de cacife,
Hollywood pousou sobre a cabeça do ator Mark Wahlberg uma coroa: a de
astro de maior rentabilidade no cinema americano de 2012. Sua coroação
acaba de ser promulgada pelas associações de exibidores dos EUA e
divulgada por bíblias dos filmes-pipoca como a revista “Entertainment
Weekly” e o site Internet Movie Database (IMDB) com base nas cifras de
dois filmes que protagonizou. O primeiro deles, “Contrabando”
(“Contraband”), um thriller policial de US$ 25 milhões que
acaba de ser lançado no Brasil apenas em DVD, arrecadou quatro vezes o
seu custo de produção no primeiro semestre nos EUA. Já o segundo é
definido como um fenômeno: “Ted”, comédia sobre um ursinho de pelúcia
falante que custou US$ 50 milhões e já faturou US$ 394 milhões, sem ser
lançado em países como França e México, além do Brasil, onde estreia
nesta sexta, dia 21.
—
Eu fico apenas esperando as coisas boas chegarem, pois ando muito
concentrado nos projetos que produzo — diz Wahlberg, por telefone, ao
GLOBO.
Embora este tenha sido um ano dominado por franquias, vide
“Os Vingadores” (campeoníssimo de público do ano com renda de US$ 1,5
bilhão), Wahlberg conseguiu transformar em blockbusters filmes que não derivam de HQs, games ou best-sellers.
Pesquisas baseadas em enquetes com pagantes informam que o ator (cujo
cachê gravita em torno de US$ 10 milhões) serviu de chamariz para “Ted”,
pois seu carisma cresceu depois de “O vencedor” (2010), drama de boxe
ganhador de dois Oscars que ele produziu e estrelou.
— Se o
sucesso chegou é porque eu tive a chance de participar de filmes que
conseguem ser uma crônica de costumes do nosso tempo. Minha preocupação é
não me repetir ou ficar preso a um gênero — diz Wahlberg
Nascido
em Massachusetts, há 41 anos, Wahlberg despontou para o estrelato nos
anos 1990, cantando rap sob o pseudônimo de Marky Mark e conquistou a
atenção dos estúdios ao protagonizar o thriller teen “Medo” (1996), perseguindo Reese Whiterspoon. Deu sorte de emplacar cults
como “Boogie nights — Prazer sem limites” (1998) e “Três reis” (1999) e
até de conquistar uma indicação ao Oscar de coadjuvante por “Os
infiltrados”, de Martin Scorsese, que se rasgou em elogios ao ator. Ele
já estrelou filmes de faturamento alto, como “Tiro e queda” (1998),
“Planeta dos macacos” (2001), “Uma saída de mestre” (2003), “Quatro
irmãos” (2005) e “Os outros caras” (2010). Mas jamais havia atraído
plateias do tamanho das que prestigiaram “Ted”, comédia americana de
maior renda em 2012.
— No fundo, é um filme que fala sobre amadurecimento — define o ator.
Seu
personagem é Joe Bennet, um adulto que leva uma vida de farras, a
despeito dos desejos de sua namorada (Mila Kunis). Seu companheiro, Ted,
é um urso sintético que adquiriu a habilidade de falar (e fazer coisas
impróprias para brinquedos) graças a uma mágica natalina inexplicável.
Nos EUA, Ted ganhou a voz do animador Seth MacFarlane, também diretor do
filme, conhecido por seu trabalho em desenhos animados como “Uma
família da pesada”.
— “Ted” fala de pessoas que ficaram presas na
própria adolescência e não sabem como sair dela, não importa o preço que
essa opção pela eterna juventude cobre. O filme conquista as pessoas
por mostrar o quanto é difícil abrir mão do passado, embora isso seja
necessário — diz Wahlberg, que produziu a série “Boardwalk Empire” para a
HBO, em parceria com Scorsese, e volta às telas em janeiro perseguindo
Russell Crowe e Catherine Zeta-Jones em “Broken city”, de Allen Hughes.
Os
mesmos analistas de mercado que puseram Wahlberg como o número 1 de
Hollywood no momento reservaram o segundo lugar a Channing Tatum. Ele
participou de três sucessos, sempre dividindo o estrelato com outro ator
ou atriz: em “Magic Mike”, fica peladão ao lado de Matthew McConaughey,
numa trama sobre strippers; no romance “Para sempre”, tenta conquistar
Rachel McAdams; e, em “Anjos da lei”, recria o seriado que celebrizou
Johnny Depp. A seu lado estava o humorista Jonah Hill, que ocupa o
terceiro posto no ranking dos todo-poderosos de Hollywood. Indicado ao
Oscar por “O homem que mudou o jogo”, Hill hoje filma “The wolf of Wall
Street”, novo longa de Scorsese.
Embora já atue há 38 anos, Denzel
Washington também foi agregado entre os atores que avançaram posições
até o pódio do maior rendimento na Hollywood de 2012. No início do ano,
num período de baixas rendas, ele estrelou “Protegendo o inimigo”, que
reinou no ciruito ao contabilizar US$ 205 milhões. As atrizes tiveram
pouca evidência neste ano. A única a se destacar em visibilidade foi
Jennifer Lawrence, graças à franquia “Jogos vorazes”.
Hollywood
também contabiliza seus fracassos. O pé-frio imbatível do ano é Taylor
Kitsch, que protagonizou três fracassos em sequência: “John Carter —
Entre dois mundos”, “Battleship — A batalha dos mares” e “Selvagens”.
Beija a lona ainda o comediante que colecionou sucessos por quase 15
anos: Adam Sandler. Seu último filme, “Este é o meu garoto”, foi um
fiasco de público e crítica. Por último vem Nicolas Cage, que foi
rejeitado lá fora por “Motoqueiro Fantasma: Espírito de vingança” e “O
pacto” e só faz ser esnobado.
[Globo]
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