Só pra variar, a Apple ocupou quase todo o noticiário esta semana com
seu evento de lançamento do iPad Mini e da nova linha de computadores
Mac. Não vou aqui ocupar o leitor falando sobre esses produtos, até
porque eles nem estão à venda ainda. Na infindável lista de artigos
escritos a respeito, um em particular me chamou a atenção. John Sciacca,
colaborador da revista americana Residential Systems, voltada a instaladores e projetistas, levantou o que me parece será o próximo passo da hoje maior empresa do mundo.
Não, adverte Sciacca, não se trata do iTV,
famoso projeto de televisor integrado a media center que Steve Jobs
teria deixado encaminhado e que a empresa, segundo rumores insistentes,
irá lançar em 2013. O autor do texto, que é dono de uma consultoria em
projetos eletrônicos, nem acredita que esse produto realmente seja
lançado. Para ele, os radares da maçã agora estão apontando para o
segmento de automação, especialmente automação residencial. Quem pensou
em iPads e iPhones controlando a casa, uma cena hoje comum até no
Brasil, está enxergando apenas parte da questão. Sciacca acha que a
Apple tem muito mais a oferecer nesse campo.
Confesso que não resisto a concordar com ele quando diz, por exemplo,
que os controles de energia a serem usados nas residências dentro de
alguns anos serão integrados. E que poderão ser acionados pelo usuário a
partir de interfaces tão simples e intuitivas quanto as de um iPhone.
Ele se refere aos controles de iluminação automatizada, termostatos e
sistemas HVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado, em inglês). E
cita um exemplo concreto: o Nest (foto acima), termostato lançado nos
EUA em 2011, que foi criado por um ex-funcionário da Apple. Dentro do
seu segmento, faz quase tanto sucesso quanto o iPad. Basicamente, é um
pequeno painel de parede que informa a temperatura ambiente e pode ser
ajustado com toques dos dedos (mais detalhes sobre o produto neste link).
Outro exemplo para confirmar a tese do autor: AirPlay.
Esse recurso, patenteado pela Apple, permite transferir arquivos de
áudio e vídeo entre aparelhos diferentes, sem necessidade de fios, com
extrema velocidade e confiabilidade. Fabricantes de prestígio – Denon,
Marantz, B&W, JBL – pagam royalties à Apple para adotar o software
AirPlay em seus players, receivers, amplificadores e caixas acústicas,
de modo que fica muito mais simples reproduzir os conteúdos de um iPhone
ou iPod.
A tese de Sciacca é que a Apple nem precisa se preocupar em fabricar
produto algum para conquistar o mercado de automação residencial. Basta
dominar, como já domina, o software e o design dos aparelhos, que serão
fabricados por outras empresas. O articulista até já tem um nome para
essa revolução: AirLife. Seria um aplicativo (ou
conjunto de apps) para gerenciamento de uma casa a partir de controles
de uso comum, caso dos players que a Apple já produz e de painéis de
parede que venham a ser produzidos por terceiros.
Estaria o homem delirando? Não tenha tanta certeza. Pensando bem, AirLife até que um nome simpático.
[Orlandobarrozo]
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