Nos anos 2000, os pequenos fones brancos do iPod eram sinônimo de
status. O tocador da Apple era um aparelho caro e quem andava pelas ruas
com um discreto fiozinho branco pendurado no ouvido era alvo de olhares
de inveja.
Mas, dez anos depois, com a popularização do iPod e a
criação de versões mais baratas do aparelho, o fonezinho branco não é
mais tão cobiçado. A estrela da vez são os fones de ouvido grandalhões e
chamativos da Beats Electronics, companhia fundada pelo rapper,
produtor e empresário Dr. Dre e pelo executivo de mídia Jimmy Iovine.
Caros e espalhafatosos, os fones Beats são cada vez mais
vistos nas cabeças de jogadores de futebol, astros do rap e outras
celebridades. Na seleção brasileira de futebol, o astro Neymar é um dos
que não largam seus fones Beats em viagens e no caminho para os jogos.
A Beats tem oito modelos de fones de ouvido, dos quais
cinco são convencionais (usados por fora da orelha) e três são
intra-auriculares. Em comum, eles têm o alto preço. O modelo mais básico
de fone de ouvido, o Beats Solo HD, custa US$ 200 (R$ 400). O mais
caro, chamado Beats Pro, é recomendado para DJs e custa US$ 400. Entre
os modelos intra-auriculares, o mais barato é o Heartbeats, que custa
US$ 130. A Beats Electronics não está presente no Brasil, mas os fones
podem ser encontrados em lojas de eletrônicos mais sofisticadas.
Fones caros não são novidades. Empresas como Bose, AKG,
Sennheiser e Audio Technica há anos fazem fones de ouvido sofisticados e
com preço alto, voltados para o mercado de profissionais de áudio e
consumidores mais exigentes.
A novidade trazida pela Beats foi o apelo “pop” e uma
estratégia mais voltada para o público jovem, ouvinte casual de música,
que usa o fone conectado ao smartphone ou MP3 player enquanto está em
movimento. Além de Dr. Dre, nome famoso no universo do rap e da música
pop, a Beats conta também com o apoio de nomes como o jogador de
basquete LeBron James e da cantora Lady Gaga. Enquanto seus concorrentes
mantêm a cor preta e design mais sóbrio, a Beats produz seus fones em
diversas cores, incluindo tons berrantes de rosa.
Ênfase em graves gera polêmica
O visual chamativo não é o único diferencial dos fones Beats.
Segundo a empresa, os fones são especialmente competentes para
reproduzir sons graves. Essa qualidade é mais notada em ritmos com rap e
música eletrônica.
Mas os graves “bombados” do Beats não agradam a todos. Análises de sites como HardOCP, TechCrunch, TechRadar e Cnet, elogiam o design dos fones Beats, mas afirmam que a qualidade do som pode não agradar ao ouvinte mais exigente.
Mas a ênfase em graves não é a única arma do Beats para
atrair o público jovem. Os fones têm recursos especialmente úteis para
quem usa o acessório conectado ao smartphone. Os fones da Beats vêm com
um controle no cabo que conecta o aparelho ao tocador de música.
Por meio desse controle, é possível atender e
encerrar ligações telefônicas (recurso compatível apenas com o iPhone),
além de regular o volume. Nos modelos sem fio, o controle fica na parte
de fora do fone de ouvido.
Os fones Beats vêm também com um microfone embutido. Assim, o
usuário não precisa remover o fone para atender a ligação telefônica. Há
ainda um sistema de cancelamento de ruído, similar ao de outros fones
sofisticados. Quando ligado, ele bloqueia a entrada de ruídos externos,
produzindo silêncio quase absoluto.
Eles valem o que custam?
Desde que o primeiro fone Beats chegou ao mercado, em 2009, a
pergunta feita é: eles realmente valem o que custam? A resposta varia,
dependendo do critério mais importante para cada usuário.
Se o critério é exclusivamente qualidade de áudio, a resposta
provavelmente é não. Boa parte das análises de sites internacionais
afirma que os fones enfatizam demais os graves, o que prejudica a
qualidade de som em determinados ritmos.
Analistas observam ainda que a qualidade de áudio está longe de
ser ruim, apenas não é boa o suficiente para agradar um público mais
exigente. Além disso, algumas análises relatam que os fones não isolam
completamente o som, ou seja, quem está perto consegue ouvir o som vindo
dos fones.
Quando são considerados outros critérios, como design, qualidade
dos materiais empregados e recursos, a resposta é mais complexa. Os
fones Beats usam materiais de boa qualidade, têm recursos úteis para
quem usa o fone em conjunto com smartphones e trazem também o fator
“status”. Por isso, apesar do alto preço, podem ser uma alternativa
interessante para um público descolado que quer um fone diferenciado e
com boa qualidade de áudio.
[Ig]
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