
O Vale do Silício abriga as principais companhias que revolucionaram o
mundo da tecnologia como Apple, Google, Yahoo! e HP. O maior polo de
tecnologia e inovação do mundo atrai muitos empreendedores e é alvo da
maioria das startups mundiais. Mas, apesar de o local ser rico em
oportunidade e conhecimento, o vale é um lugar hostil para estrangeiros.
Não é impossível se tornar um empreendedor do Vale do Silício, mas é
preciso muita determinação e planejamento. O primeiro passo é simples:
monte sua startup
e comece desenvolvendo um bom plano de negócios. O planejamento não
garante o sucesso, porém serve para minimizar os erros e otimizar as
potencialidades e oportunidades, pois é através dele que podemos ver as
reais chances de o projeto dar certo.
De acordo com Douglas Pereira Maluf, empresário e palestrante da assessoria financeira Capital A7,
muitas empresas quebram antes da hora justamente por não terem feito um
bom plano de negócios no início. Ele garante que se estas startups
tivessem feito o business plan corretamente, elas teriam um programa de
sobrevivência ou já veriam que a ideia não era viável.
"Em
resumo, o plano de negócios torna a oportunidade clara, ou, claramente
define que não se trata de uma oportunidade", comenta. "O Sebrae dá todo
apoio necessário para confecção do plano de negócios, promove cursos,
workshops e palestras que auxiliam no desenvolvimento de novos
empreendedores", completa.
O plano de negócios é tão vivo quanto o mercado, portanto, deve ser
atualizado e revisado constantemente, servindo, inclusive, como
instrumento de gestão da empresa. Com as mudanças que acontecem no
mercado, é normal que suas metas se adequem às transformações.
O especialista ainda lembra que, além do planejamento, é primordial
conhecer muito bem o segmento escolhido. A dica é aprender com as
empresas que alcançaram o sucesso e também com as companhias que deram
errado. Conversar com empresários sobre dificuldades e percepções de
mercado também é fundamental para o seu negócio, assim como aumentar sua
rede de contatos o tempo todo.
Um estudo realizado pelo Sebrae descobriu que mais de 70% das empresas
não chegam a completar cinco anos de vida. Os erros destas iniciantes é
que, geralmente, elas apresentam deficiências em dois pontos:
estruturação do negócio e administração. Portanto, Douglas reforça que
estes aspectos precisam ser dominados pelo empreendedor que quer vencer.
"Para se ganhar dinheiro as ideias não precisam ser tão
extraordinárias assim, mas precisam de consistência. Gosto de uma frase
que ouvi de um grande empresário do ramo de entretenimento que diz que
'é preferível um negócio médio na mão de pessoas excelentes a um negócio
extraordinário na mão de pessoas comuns'."
A paixão também faz parte de uma história de sucesso e, de acordo com o
empresário, deve estar presente na vida dos fundadores. Porém, a paixão
não pode cegar o empreendedor, que precisa trabalhar sempre com três
cenários: otimista, realista e pessimista. Cercado destas precauções, as
chances de você começar com o pé direito são altas.
"Sentir insegurança é natural e não é vergonha nenhuma pedir ajuda.
Existem excelentes empresas que dão suporte ao novo empreendedor. Se for
o caso, estude a possibilidade de iniciar com uma franquia. Algumas
redes prestam todo suporte na escolha do local, treinamentos de gestão e
etc.", finaliza.
Rumo ao Vale do Silício: A terra da competitividade
Se você pensa que abrir a empresa é a fase mais difícil, se enganou. Depois de criar a startup
é necessário fazer com que ela se consolide no mercado, antes de se
arriscar em outros lugares. Com a Movile, que abriu escritório do Vale
do Silício há seis meses, não foi diferente. A empresa presta serviços
para operadoras de celulares, como o envio de promoções e jogos via SMS,
desenvolve sites móveis, e serviços para vídeos e imagens em
smartphones.
A companhia não partiu rumo ao maior polo tecnológico sem antes
percorrer uma longa jornada pelo Brasil, que se iniciou em 2008, quando
três startups de mobilidade se uniram para formar a Movile. O início das
ações internacionais só aconteceu depois que o conhecimento e a força
das companhias foram fundidas.
"Os empresários entenderam que sozinhos não chegariam muito longe e
dificilmente seriam empresas globais. Então, optaram por unir forças.
Acho que este foi o grande acerto da empresa: se associar a antigos
concorrentes para construir uma empresa
mais forte e capaz de brigar com outros players do mercado", comenta
Eduardo Lins Henrique, responsável pela Movile nos Estados Unidos.
Antes de chegarem ao Vale do Silício, os fundadores e diretores da
Movile viajaram diversas vezes para o local, estudaram o mercado,
participaram de eventos, conheceram pessoas e pediram muitos conselhos
aos brasileiros dispostos a ajudar. E, segundo Eduardo, tudo isso foi
essencial para entender o tamanho do investimento. O executivo conta que
é possível abrir algo na região com investimentos altos e baixos, basta
dosar os planos de acordo com o que a empresa quer e pode.
Apesar de todo planejamento e dicas oferecidas por empresários
conhecidos, que já tinham se estabelecido no polo tecnológico
norte-americano, a chegada na Califórnia não foi capítulo dos mais
fáceis. Eduardo relata que os brasileiros que trabalham lá são bastante
hospitaleiros e abrem portas, mas o clima entre as empresas é de extrema
competitividade.
"No Silicon Valley o nível de competição é muito mais acirrado do que no
Brasil ou na América Latina. Os maiores talentos do mundo estão lá e
trabalhando para concorrentes. O americano te vê como adversário. Não
sofri nada desleal ou antiético, mas é muito difícil", conta.
Por se tratar de um ambiente de bastante disputa, o executivo ressalta a
importância de a sociedade estar solidificada em outros mercados, como
foi o caso da Movile. A empresa precisou primeiro se estabelecer no Brasil e depois conquistar a América Latina para se sentir segura na América do Norte.
"O ideal é que sua empresa
seja destaque no país em que atua para você ousar. Se a firma está com
dificuldades para conquistar o Brasil, onde as empresas têm menos
capacidade de investimentos e menos concorrência, certamente terá mais
problemas nos EUA", conclui.
Se sua ideia é decolar para o Vale do Silício, tenha paciência. Existem
muitos passos a serem percorridos antes da linha de chegada. Eduardo
garante que tudo é possível quando a empresa
é focada e possui um sonho. Mas são necessárias uma série de
planejamentos e de análises do mercado local, além de uma boa dose de
coragem.
[Olhardigital]