Se as questões ambientais tratadas durante a Rio 92 pouco avançaram, o
mesmo não se pode dizer da moda. Ao longo de 20 anos, o discman foi
substituído pelo Ipod, os cachos volumosos deram lugar aos cabelos
esticados por chapinhas e as calças jeans largas foram trocadas por
modelos justíssimos. No lançamento da Rio+20, o G1 revira o baú e mostra as diferenças de 1992 e 2012.
Na época que Youtube e download não existiam no vocabulário, as músicas
eram popularizadas nas rádios, vinis, fitas cassetes, programas de
auditório e nos recém-lançados CDs. Assim como o “Ai, se eu te pego”, de
Michel Teló, o “Canto da Cidade” de Daniela Mercury, era o hit que
grudava nos ouvidos.
Nas rádios populares também marcavam presença as duplas sertanejas Zezé
di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, além do
pagode do grupo Raça Negra.
Os mesmo estilos musicais continuam em evidência, mas, 20 anos depois, o
sertanejo ganhou a versão “universitária”. As calças coladas continuam,
as camisas xadrez ocuparam o lugar dos coletes e o corte de mullets foi
substituído pelo topete modelado na cera de Luan Santana e Gusttavo
Lima.
Capa do CD do Raça Negra lançado em 1992 (Foto: Divulgação) |
O vocalista do Raça Negra, Luiz Carlos, era um dos ídolos que não
dispensava o uso do colete. "Naquela época, não tínhamos muito dinheiro
para investir em roupas. Então, nós tínhamos três coletes diferentes e
usávamos sempre com a mesma calça e blusa, mas parecia que era sempre
uma roupa diferente", relembra o cantor, acrescentando que até hoje as
músicas mais pedidas nos shows são as do início dos anos 90.
Apesar de ser um dos precursores da moda, Luiz Carlos prefere não se
arriscar mais na combinação colete e camisa florida. "Agora, a gente
acha esquisito usar camisa xadrez com bermuda listrada. Hoje eu não
teria coragem de botar aquela roupa, mas quando vejo aquelas fotos acho
muito engraçado, não tem como não rir", comenta o músico.
Jaqueta jeans e tênis nauru
Cintura alta, nauru e bermudas jeans eram os modelitos da época (Foto: Divulgação/ Redley) |
Casacos com ombreiras, pochetes, calças de cintura alta, jaqueta jeans e
tênis Nauru eram itens indispensáveis no guarda-roupa de quem viveu no
início da década de 90. O diretor da Redley, Leonardo Ferreira, aposta
na reedição de algumas peças clássicas.
"Vamos reeditar o Nauru, mas, dessa vez, não teremos o solado
abrutalhado. Vinte anos depois, a tecnologia dos tecidos mudou. Agora
tudo é mais confortável e com caimento melhor", explica o diretor, de 42
anos.
Para Leonardo, a peça que não tem como voltar às vitrines são os óculos
tipo ciclista, usados no final dos anos 80, com armação em cores néon,
lentes degradé e cordas. "Só de descrever dá medo. Usava muito isso, mas
hoje em dia acho muito cafona, assim como aquelas calças largas e de
cintura alta. Acho que naquela época, se valorizava muito o conforto.
Hoje, homens e mulheres se preocupam mais em vestir peças que valorizam o
corpo e a silhueta", conclui Leonardo.
Em 92, os avessos ao estilo galã de novela, se inspiravam no visual das
bandas grunge, como Nirvana e Pearl Jam. O look bermuda folgada abaixo
do joelho, camisas largas, tênis All Star, cabelos compridos e barba é
garantia de sucesso até hoje, principalmente entre skatistas e
roqueiros.
Novelas
O ano de 1992 também foi destaque na teledramaturgia. As novelas
Perigosas Peruas e De Corpo e Alma criaram modas e bordões. O cabelo
volumoso e encaracolado de Vera Fischer, protagonista de Perigosas
Peruas, virou mania entre as mulheres. Outro objeto cobiçado eram os
óculos com armação de bichos, como onças e tartarugas.
Já a novela De Corpo e Alma, escrita por Glória Perez, discutiu o
transplante e a doação de órgãos. Além da trama principal, o folhetim
gerou polêmica ao retratar o trabalho dos strippers no Clube das
Mulheres. O local era frequentado por Stella Mendes Peixoto, vivida por
Beatriz Segall.
Rica, culta e irônica, Stella buscava prazer e entretenimento nos
músculos dos rebolativos rapazes de sunga. O stripper mais famoso era
Juca, personagem de Victor Fasano.
Outro personagem que fez sucesso em De Corpo e Alma foi o gótico
Reginaldo, interpretado por Eri Johnson. Depois de passar por uma
temporada em São Paulo, ele volta para o Méier, na Zona Norte do Rio,
com o visual bem esquisito.
Vestindo roupas pretas, cabelo moicano e anéis de caveiras nos dedos,
Reginaldo foi um dos responsáveis pelo núcleo cômico da trama.
Os acessórios do personagem lotaram as lojas dos principais centros de comércio popular do país.
[Globo]
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