21 de junho de 2012

Rio 92 e Rio+20: Veja as mudanças na moda, música e comportamento

Se as questões ambientais tratadas durante a Rio 92 pouco avançaram, o mesmo não se pode dizer da moda. Ao longo de 20 anos, o discman foi substituído pelo Ipod, os cachos volumosos deram lugar aos cabelos esticados por chapinhas e as calças jeans largas foram trocadas por modelos justíssimos. No lançamento da Rio+20, o G1 revira o baú e mostra as diferenças de 1992 e 2012.

Na época que Youtube e download não existiam no vocabulário, as músicas eram popularizadas nas rádios, vinis, fitas cassetes, programas de auditório e nos recém-lançados CDs. Assim como o “Ai, se eu te pego”, de Michel Teló, o “Canto da Cidade” de Daniela Mercury, era o hit que grudava nos ouvidos.

Nas rádios populares também marcavam presença as duplas sertanejas Zezé di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo, além do pagode do grupo Raça Negra.

Os mesmo estilos musicais continuam em evidência, mas, 20 anos depois, o sertanejo ganhou a versão “universitária”. As calças coladas continuam, as camisas xadrez ocuparam o lugar dos coletes e o corte de mullets foi substituído pelo topete modelado na cera de Luan Santana e Gusttavo Lima.

Capa do CD do Raça Negra lançado em 1992 (Foto: Divulgação)
Capa do CD do Raça Negra lançado em 1992
(Foto: Divulgação)
O vocalista do Raça Negra, Luiz Carlos, era um dos ídolos que não dispensava o uso do colete. "Naquela época, não tínhamos muito dinheiro para investir em roupas. Então, nós tínhamos três coletes diferentes e usávamos sempre com a mesma calça e blusa, mas parecia que era sempre uma roupa diferente", relembra o cantor, acrescentando que até hoje as músicas mais pedidas nos shows são as do início dos anos 90.

Apesar de ser um dos precursores da moda, Luiz Carlos prefere não se arriscar mais na combinação colete e camisa florida. "Agora, a gente acha esquisito usar camisa xadrez com bermuda listrada. Hoje eu não teria coragem de botar aquela roupa, mas quando vejo aquelas fotos acho muito engraçado, não tem como não rir", comenta o músico.
 
Jaqueta jeans e tênis nauru

Cintura alta, nauru de camurça e tops coloridos eram os modelitos da época (Foto: Divulgação/ Redley)
Cintura alta, nauru e bermudas jeans eram os
modelitos da época (Foto: Divulgação/ Redley)
Casacos com ombreiras, pochetes, calças de cintura alta, jaqueta jeans e tênis Nauru eram itens indispensáveis no guarda-roupa de quem viveu no início da década de 90. O diretor da Redley, Leonardo Ferreira, aposta na reedição de algumas peças clássicas.

"Vamos reeditar o Nauru, mas, dessa vez, não teremos o solado abrutalhado. Vinte anos depois, a tecnologia dos tecidos mudou. Agora tudo é mais confortável e com caimento melhor", explica o diretor, de 42 anos.

Para Leonardo, a peça que não tem como voltar às vitrines são os óculos tipo ciclista, usados no final dos anos 80, com armação em cores néon, lentes degradé e cordas. "Só de descrever dá medo. Usava muito isso, mas hoje em dia acho muito cafona, assim como aquelas calças largas e de cintura alta. Acho que naquela época, se valorizava muito o conforto. Hoje, homens e mulheres se preocupam mais em vestir peças que valorizam o corpo e a silhueta", conclui Leonardo.

Em 92, os avessos ao estilo galã de novela, se inspiravam no visual das bandas grunge, como Nirvana e Pearl Jam. O look bermuda folgada abaixo do joelho, camisas largas, tênis All Star, cabelos compridos e barba é garantia de sucesso até hoje, principalmente entre skatistas e roqueiros.
 
Novelas
O ano de 1992 também foi destaque na teledramaturgia. As novelas Perigosas Peruas e De Corpo e Alma criaram modas e bordões. O cabelo volumoso e encaracolado de Vera Fischer, protagonista de Perigosas Peruas, virou mania entre as mulheres. Outro objeto cobiçado eram os óculos com armação de bichos, como onças e tartarugas.

 Já a novela De Corpo e Alma, escrita por Glória Perez, discutiu o transplante e a doação de órgãos. Além da trama principal, o folhetim gerou polêmica ao retratar o trabalho dos strippers no Clube das Mulheres. O local era frequentado por Stella Mendes Peixoto, vivida por Beatriz Segall.

Rica, culta e irônica, Stella buscava prazer e entretenimento nos músculos dos rebolativos rapazes de sunga. O stripper mais famoso era Juca, personagem de Victor Fasano.

Outro personagem que fez sucesso em De Corpo e Alma foi o gótico Reginaldo, interpretado por Eri Johnson. Depois de passar por uma temporada em São Paulo, ele volta para o Méier, na Zona Norte do Rio, com o visual bem esquisito.

Vestindo roupas pretas, cabelo moicano e anéis de caveiras nos dedos, Reginaldo foi um dos responsáveis pelo núcleo cômico da trama.

Os acessórios do personagem lotaram as lojas dos principais centros de comércio popular do país.

[Globo]

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