São as duas principais tendências atuais no mercado de TVs: a
tecnologia 3D e o conceito de “TV conectado”, que alguns chamam “web
TVs”, mas que a maioria dos fabricantes decidiu batizar “Smart TVs”. A
princípio, pensava-se que o 3D seria a grande revolução. Com o sucesso
de Avatar e outros filmes no cinema, muitos chegaram a
dizer que a televisão convencional (2D) estava com os dias contados.
Depois, viu-se que era exagero: nem todo mundo gosta de ver imagens
tridimensionais – pelo menos, não a toda hora. Cinema é uma coisa, TV é
outra.
Com a possibilidade de agregar aos TVs, via software, uma série de
recursos dos computadores, os fabricantes descobriram esse novo filão:
TVs que acessam a internet e podem compartilhar redes. Pra quê
computador, se eu posso ver tudo que quero na tela do meu TV, no
conforto do sofá, acionando o controle remoto? Outro engano. TV é uma
coisa, computador é outra. Quando se está na internet, geralmente
exige-se privacidade. Navegar é um ato solitário por definição, e se o
computador trava você sofre sozinho! Ver televisão quase sempre é um ato
coletivo, compartilhado com a família e/ou os amigos. Ninguém imagina
um TV travando na hora do jogo ou da novela…
Então, o que é melhor? Um TV 3D ou um Smart TV? Ou um que faça as
duas coisas? Bem, pelo que estamos vendo aqui na IFA, os próprios
fabricantes estão divididos a respeito. Conversei hoje com Kenneth Hong,
o homem que dirige a área de comunicação global do grupo LG, ou seja, é
quem tem na cabeça a estratégia para a marca. Num inglês fluente, ele
me explicou por que a empresa decidiu, agora, mudar sua estratégia:
antes, Smart TV era o principal feature, como gosta de dizer o
pessoal de marketing. Pesquisas indicavam que o consumidor é muito mais
atraído por uma tela cheia de funções do que pelas imagens
tridimensionais que muitas vezes causam tontura e irritam os olhos.
Pois
bem, tudo mudou (vejam na foto o estande da empresa na IFA). “Sabemos
agora que Smart TV não é mais um diferencial”, diz Hong. “Todos os
fabricantes têm e todos funcionam praticamente da mesma maneira. Como o
consumidor pode diferenciar um produto do outro? Já o 3D é diferente:
nós temos uma solução, baseada na tecnologia passiva, que é mais barata e
mais confortável para a maioria das pessoas. Então, decidimos apostar
nela. Vai levar algum tempo, mas temos certeza de que o consumidor vai
saber optar. Não agora, porque ele ainda não se acostumou à ideia. Mas
também foi assim na época do TV em cores. No início, era caro e as
pessoas diziam que não precisavam. Depois, todo mundo aderiu”.
Hong mostra convicção. Disse, por exemplo, que a LG perdeu muito
dinheiro com essa decisão, porque já tinha vendido muitos TVs com óculos
ativos e ainda tem muito em estoque. “Além do mais, a tecnologia ativa
nos dá margens de lucro mais altas”, diz ele. Mas a decisão está tomada,
e não tem mais volta. Ainda que outros fabricantes – especificamente:
Sony, Samsung e Panasonic – tenham se juntado numa espécie de consórcio
para defender a tecnologia ativa (mais detalhes aqui).
“Eles fizeram isso por desespero”, me diz Hong. “Precisavam se unir
para enfrentar essa disputa. Nós estamos tranquilos. Estamos sendo
procurados por outros fabricantes, que querem usar nosso filtro FPR (Film-patterned Retarder).
Mas, se ninguém quiser aderir, tudo bem. Continuaremos sozinhos. E
vamos vender mais, porque sabemos que é isso que o consumidor deseja”.
Será excesso de otimismo? Talvez. Mas foi engraçado ver que, no
estande da Samsung (foto abaixo), as palavras de ordem são “Smart TV”,
“conteúdo” e “aplicativos”. Ou seja, pela enésima vez, LG e Samsung
trilham caminhos opostos.
[Orlandobarrozo]
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