Em 2012, as televisões terão imagens ainda mais definidas, ficarão
maiores, mais finas, mais inteligentes e mais "obedientes". A Consumer
Electronic Show (CES) 2012, maior feira de eletrônicos do mundo, decreta
que o controle remoto está prestes a se aposentar: nas próximas TVs,
usando só a voz, o dono poderá trocar de canal, aumentar ou diminuir o
volume, ligar e desligar o aparelho. E ele reconhecerá quem sentou no
sofá, apresentando conteúdo diferenciado conforme o "cliente".
Na CES, a briga é para ver qual empresa entre Samsung,
Sony, Lenovo e LG, tem a TV mais inteligente. Para vencer, todas buscam
copiar algo que dá muito certo em outro ramo: os videogames, mais
especificamente, um acessório deles, o Kinect.
Tal qual o sensor de movimentos do Xbox 360, da Microsoft,
o protótipo de TV da Samsung, por exemplo, reconhece os usuários que
sentam em sua frente, atende a comandos de voz e capta os movimentos de
quem está assistindo.
Televisor da Samsung usado em teste é fino e com pouca borda, dando a sensação de que a imagem 'flutua' na parede (Foto: Gustavo Petró/G1)
O G1 testou o aparelho da Samsung. A experiência
começou com ordens ditas em inglês, como: “TV, ligar”, “TV, canal 1048” e
“TV, aumente volume” -todas "obedecidas" prontamente. O funcionamento é
bastante simples e o aparelho reconheceu de imeditato os comandos de um
“estranho”. Até mesmo buscas na web (a TV se conecta na internet por
meio de Wi-Fi, utilizando o serviço do Bing, da Microsoft) foram
possíveis usando apenas a voz.
Acertar o volume é problemaPode parecer novidade,
mas comandos de voz muito parecidos existem no Kinect desde 2010 -- o
recurso, porém, não está disponível no Brasil. Ao falar “Xbox, games”, o
videogame mostra os jogos do usuário; “Xbox, amigos”, e a tela de
amigos do usuário aparece. Mas é a primeira vez que esses recursos estão
embutidos em um televisor. Porém, por se tratar de um protótipo, a
Samsung terá um pouco mais de trabalho pela frente antes de colocar o
aparelho no mercado.
TV inteligente da Samsung reconhece o usuário, capta movimentos e obedece comandos de voz, além de ser super fina (Foto: Gustavo Petró/G1)
Há alguns pontos que necessitam de revisão. Falta, por exemplo, a
possibilidade de mudar de canal ao dizer o nome da emissora, em vez do
número. Aumentar e baixar o volume também é um problema, pois, ao dar a
ordem, o som aumenta aos poucos, número por número. Talvez por isso a
fabricante ainda não pensa em abandonar o controle remoto: o acessório
deverá vir com o televisor, de acordo com um representante da empresa.
Gestos para se conectarPor se tratar de uma TV
inteligente e conectada na internet, o usuário pode utilizar uma série
de recursos na área chamada Smart Hub, que apresenta aplicativos e
navegador de web. Para acessá-lo, claro, basta dizer “TV, Smart Hub”.
Nesta tela, é possível usar o sensor de movimentos do aparelho para
acessar fotos, vídeos e músicas, além do browser. Curiosamente, para
acionar o uso de movimentos, é preciso acenar para a TV -- o mesmo gesto
usado no Kinect.
Câmera e microfones estão acoplados na parte superior do televisor (Foto: Gustavo Petró/G1)
A área Smart Hub, quando o aparelho reconhece o usuário por meio da
câmera que fica na parte superior da tela, irá apresentar aplicativos e
conteúdo exclusivo para ele.
Navegar na internet usando as mãos é simples: basta mover a mão para o
link desejado e, para clicar nele, é preciso fechar as mãos. A Samsung
afirma que a TV irá entender que o usuário deseja acessar aquele
conteúdo e, por isso, a mão não precisa estar exatamente em cima do
link.
O televisor, que deve chegar ao mercado até o final de 2012, segundo a
companhia, ainda terá aplicativos, entre eles um para fazer exercícios e
games. O design deve mudar pouco: a TV é extremamente fina e as bordas
quase não existem.
TV com AndroidA chinesa Lenovo anunciou, mas, na
conferência com a imprensa, não demonstrou os comandos por voz de sua
K91Smart TV, que conta com sistema o sistema operacional Android 4.0,
conhecido como Ice Cream Sandwich. Segundo a marca, o aparelho vem ainda
com câmera de 5 megapixels que poderá reconhecer o usuário. Conversas
com vídeo também estarão disponíveis utilizando um aplicativo. O
televisor deve chegar ao mercado chinês ainda neste ano.
LG mostrou a maior TV de OLED do mundo, tecnologia que mostra cores mais vivas (Foto: Gustavo Petró/G1)
Em busca da melhor definição
Depois do plasma, do LCD e do LED, evolução que melhorou a qualidade e o tempo de resposta nas imagens, eliminando o borrado, a tendência na CES 2012 é o OLED. Abreviação para organic light-emitting diode (diodo orgânico emissor de luz, em tradução), ela resulta em cores ainda mais vivas do que as TVs de LED existentes no mercado.
Depois do plasma, do LCD e do LED, evolução que melhorou a qualidade e o tempo de resposta nas imagens, eliminando o borrado, a tendência na CES 2012 é o OLED. Abreviação para organic light-emitting diode (diodo orgânico emissor de luz, em tradução), ela resulta em cores ainda mais vivas do que as TVs de LED existentes no mercado.
A tecnologia, até então, era usada em celulares, com telas que não
passavam de 5 polegadas. Mas a LG apresentou sua TV OLED de 55 polegadas
que, segundo ela, é a maior do mundo. Na apresentação com imagens em
3D, foi possível perceber que as cores são mais próximas do real e que a
imagem não borra quando há movimentos mais bruscos.
TV de OLED é tão fina que fica difícil mostrar sua espessura na foto (Foto: Gustavo Petró/G1)
Mesmo com imagens melhores, o destaque do OLED é permitir a fabricação
de televisores finos, com poucos milímetros de espessura e praticamente
sem bordas. Ao ficar pendurado em uma parede, ele mais parece um quadro
flutuando.
A Sony
apostou em outra tecnologia em suas TVs, chamada de Crystal LED. Em vez
de usar apenas uma luz de LED, como normalmente é feito, são usadas 6
milhões de pequenas luzes de LED que agem em conjunto para apresentar as
imagens. O sistema é similar aos vistos nas grandes telas de estádios,
que usam pequenas luzes de LED para compor a imagem, só que em escala
reduzida.
O resultado é que as imagens da Crystal LED, que ainda não tem previsão
para chegar ao mercado, apresentam maior constraste. Ao colocar uma TV
de LED comum ao lado do novo modelo, a diferença é gritante: as cores
preta e branca ganham tons mais fortes, deixando as imagens com
tonalidades mais realistas. A Sony afirma que, em imagens com muito
movimento, não há nenhum efeito de borrado. Assim, em uma partida de
futebol, o espectador verá até a jogada mais veloz sem perder nenhum
detalhe.
Cadê o 3D?
Tendências da CES 2010 e 2011, as TVs 3D ainda não caíram no gosto do
público, embora elas apareçam aos montes nos pavilhões do evento. Mas já
que muitos reclamam de ter que usar óculos, as companhias começam a
investir em aparelhos que reproduzem imagens tridimensionais sem a
necessidade deles. Mas fazem isso discretamente.
A Sony, por exemplo, tem um televisor de 52 polegadas que apresenta
imagens em 3D sem a necessidade de óculos. A definição e a qualidade das
cores é boa, mas fica abaixo do que é esperado para aparelhos do tipo.
Até mesmo a sensação profundidade é inferior e não há aquele efeito de
que o objeto lançado pelo herói do filme vai saltar para fora da tela.
Tudo é muito sutil, o que indica que a tecnologia deve ficar em
desenvolvimento por mais alguns anos.
Televisão da Sony com tecnologia Crystal LED, com 6 milhões de pequenas luzes de LED (Foto: Gustavo Petró/G1)
[Globo]
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