A visita ao Classic Center da Mercedes-Benz, em Fellbach, nos
arrabaldes de Stuttgart, já parecia ser o ponto alto do dia. Que outra
fábrica de automóveis mantém um centro para restaurar e fazer a
manutenção dos carros antigos da clientela? Quem for suficientemente
rico pode mandar um 300SL dos anos 50 para essa oficina e ter serviços e
peças nos rigorosos padrões da fábrica. Ver quatro ou cinco “Asas de
Gaivota” sob um mesmo teto é de cair o queixo.
Mas
eis que nossos anfitriões reservavam outra surpresa para a tarde: um
galpão meio escondido nos fundos do Classic Center, sem identificações
externas e fechado ao público.
Explica-se: a Mercedes tem um
moderno e suntuoso museu em Stuttgart, que exibe aproximadamente 160
carros e caminhões. Só que o acervo histórico da empresa é muito maior,
composto por uns mil veículos. Assim, na região há nada menos do que
doze galpões cheios de automóveis raríssimos, que fazem esporádicas
aparições em ralis de clássicos e eventos especiais.
— Não botamos letreiros para que não apareçam muitos curiosos — explica Denis Heck, funcionário do Classic Center e nosso guia.
Visitamos
apenas um dos doze galpões — e justamente o que guarda os carros de
corrida da Mercedes, desde o modelo Simplex, de 1902.
O chamado
Salão Sagrado é uma visão impressionante: são centenas de bólidos
perfilados, limpos e prontos para a ação. Ao fundo, os superpotentes
Flecha de Prata que dominaram as provas de GP na década de 30. Mais
atrás, caixotes de madeira com os Fórmula-1 de temporadas recentes.
—
Desde os anos 20 a empresa tem a preocupação de conservar modelos
históricos. Com a Segunda Guerra, os carros foram espalhados e, depois,
reunidos novamente. Assim conseguimos preservar tudo — explica Heck.
Não só os carros de corrida e de rali estão guardados, como também os caminhões que os transportavam.
E
há estrelas como um dos dois únicos 300 SLR Uhlenhaut Coupé produzidos.
Tido como o carro mais caro do mundo, custa estimados € 70 milhões. Mas
a Mercedes não vende, não troca e nem dá...
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