26 de janeiro de 2013

Popularização da GoPro inventa uma nova linguagem audiovisual

Pelo tamanho, ninguém dá nada por ela. Porém, não é exagero nenhum dizer que a pequenina filmadora GoPro (gopro.com) está mudando a gramática audiovisual num ritmo alucinante. Feita para produzir imagens de pontos de vista inusitados, é possível prendê-la na cabeça, no punho, no peito, em bicicletas, carros, pranchas, instrumentos e onde mais se conseguir usando os kits de agarras e traquitanas disponíveis para a maquineta.
Assim, tomadas que antes custavam milhares de dólares agora podem ser conseguidas com um equipamento de preço médio de US$ 400, sem perda de qualidade. Ângulos que eram reservados apenas a atletas de ponta viraram recorrentes em vídeos on-line. Ver um tubo rodando pela perspectiva do surfista Kelly Slater, dar um close na roda de um carro em alta velocidade, mergulhar cara a cara com tubarões, saltar de uma montanha com base jumpers ou enviar câmeras num balão para filmar a Terra da atmosfera... Com a GoPro, isso é possível.

Criada pelo surfista Nicholas Woodman, frustrado com a impossibilidade de registrar suas sessões com as mesma qualidade e proximidade dos profissionais (daí o nome: GoPro), a câmera evoluiu um bocado desde que foi lançada, em 2004, ainda como uma máquina fotográfica utilizando filmes: tornou-se digital, produzindo pequenos clipes de dez segundos, e no modelo atual faz imagens em HD 1080p, captadas por uma lente fixa de 170 graus, dando conta de quase tudo ao redor, encapsulada numa caixa estanque à prova d’água e de poeira e resistente a choques. É feita pra se arriscar.

Com o aumento da qualidade das imagens, logo o cinema e a TV também passaram a explorar as possibilidades da câmera, e hoje ela tem sido utilizada para registros tão corriqueiros quanto o primeiro mergulho de um bebê. O que era um instrumento para praticantes de esportes radicais transformou-se numa linguagem. O mérito da GoPro está nas infinitas possibilidades de conteúdo que pode ser gerado.

Por não possuir uma tela para acompanhar as imagens e funcionar com foco fixo e abertura automática, a pegada da GoPro é extremamente intuitiva. E dessa praticidade vêm a intimidade e o calor do que é filmado. Ao acoplar a câmera em lugares antes impossíveis para um equipamento normal e registrar situações de modo pessoal, consegue-se proximidade com assuntos inatingíveis com câmeras muito melhores.

Diferentemente do que foi visto quando as câmeras fotográficas da Nikon e da Canon passaram a também filmar, estabelecendo uma espécie de ditadura estética, em que os vídeos (quase sempre filmados nos ajustes automáticos), tinham a mesma textura, cada vídeo da GoPro é uma viagem particular.

[Globo]

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