28 de outubro de 2011

Produção de quatro países, 'Vermelho Brasil' vai desmembrar em minissérie e filme a ocupação do Rio pelos franceses em 1555

Só uma capivara foi capaz de chamar mais a atenção da equipe multinacional da minissérie "Vermelho Brasil", em cenas filmadas no Alto da Boa Vista, do que o sueco Stellan Skarsgård, ator-assinatura de Lars von Trier e coadjuvante de pipocas milionárias como "Mamma mia!" (2008) e "Thor" (2010). Stellan foi escalado para viver o explorador francês Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571). Já a capivara chegou ao set sob cuidados para Ibama nenhum botar defeito, a fim de emprestar realismo à locação onde foi erguida a casa do português João da Silva (vivido pelo lisboeta Joaquim de Almeida). Contrabandista de pau-brasil e espião da Coroa lusa, João é o vilão do projeto de R$ 20 milhões, que segue em produção até 10 de novembro, reunindo 75 atores, 2 mil figurantes e 141 técnicos. Sua matéria-prima é o best-seller "Rouge Brésil", de Jean-Christophe Rufin, que vendeu 500 mil exemplares em todo o mundo.

- Conhecia o Brasil por Carmen Miranda, Babenco, Walter Salles, "Cidade de Deus" e futebol. Agora, estou aqui para entender sua origem, como um estrangeiro falando de estrangeiros - diz Stellan, que gravou em Taquari, região vizinha a Paraty, a chegada da expedição francesa à Baía da Guanabara em 1555.

Sob a direção do canadense Sylvain Archambault, o material filmado, falado majoritariamente em inglês, será montado até fevereiro de 2012. Dele serão extraídos dois telefilmes de 90 minutos para o canal France 2, um longa-metragem para o cinema nacional e uma série de cinco capítulos de 40 minutos para a televisão brasileira. Foram combinados recursos (financeiros e humanos) de produtoras de quatro países - Pampa Films, da França; Conspiração, do Brasil; CD Films, do Canadá; e Stopline, de Portugal - em associação com a France Télévisions, GloboFilmes e a lusa RTP. Aqui, a distribuição em circuito exibidor será da RioFilme. Por contrato, a Rede Globo tem a primeira opção de transmissão na TV aberta.

- Esta produção é um épico sobre um choque entre culturas. Ela pode nos mostrar a dificuldade que o mundo contemporâneo tem em olhar para trás e aprender com os massacres que marcaram sua História - diz Archambault, realizador de "Piché: entre ciel et terre" (2010), sucesso de bilheteria no Canadá. - Sou fã de "Cidade de Deus", que também mostrou quantos mortos fizeram a História daquela localidade. Quero retratar a origem do Brasil com uma narrativa contemporânea, sem amarras à linguagem clássica.

Fotografado por Christophe Graillot, cria da TV francesa, "Vermelho Brasil" vai totalizar oito semanas de filmagens, com locações ainda na praia de Trindade, nas imediações de Paraty), em Xerém (onde foi reproduzida uma aldeia tupinambá) e em Barra de Guaratiba, cenário onde fica a muralha do Forte Coligny, que Villegagnon tentou erguer na Baía de Guanabara.

- Faz muito tempo que eu não venho filmar no Brasil. Neste momento em que Portugal está em crise e nosso cinema aposta em muitos filmes de pouco dinheiro, eu encontro o cinema brasileiro com projeção internacional - elogia Joaquim de Almeida, o Sherlock Holmes de "O Xangô de Baker Street" (2001).

Na porção brasileira do elenco de "Vermelho Brasil", entram Giselle Motta (revelação de "O palhaço", de Selton Mello, que estreia sexta-feira) e Pietro Mario, o Capitão Furacão, em dois papéis: o marinheiro apelidado de Old Sea Wolf e o francês Pay-lo, que vive entre os índios.

- Como o Rio se tornou mundialmente mais conhecido por conta de sua escolha para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, há uma demanda lá fora por conhecer sua História- diz Pietro.

[Globo]

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