2 de outubro de 2011

3D ou Smart TV: o que você prefere?

São as duas principais tendências atuais no mercado de TVs: a tecnologia 3D e o conceito de “TV conectado”, que alguns chamam “web TVs”, mas que a maioria dos fabricantes decidiu batizar “Smart TVs”. A princípio, pensava-se que o 3D seria a grande revolução. Com o sucesso de Avatar e outros filmes no cinema, muitos chegaram a dizer que a televisão convencional (2D) estava com os dias contados. Depois, viu-se que era exagero: nem todo mundo gosta de ver imagens tridimensionais – pelo menos, não a toda hora. Cinema é uma coisa, TV é outra.

Com a possibilidade de agregar aos TVs, via software, uma série de recursos dos computadores, os fabricantes descobriram esse novo filão: TVs que acessam a internet e podem compartilhar redes. Pra quê computador, se eu posso ver tudo que quero na tela do meu TV, no conforto do sofá, acionando o controle remoto? Outro engano. TV é uma coisa, computador é outra. Quando se está na internet, geralmente exige-se privacidade. Navegar é um ato solitário por definição, e se o computador trava você sofre sozinho! Ver televisão quase sempre é um ato coletivo, compartilhado com a família e/ou os amigos. Ninguém imagina um TV travando na hora do jogo ou da novela…

Então, o que é melhor? Um TV 3D ou um Smart TV? Ou um que faça as duas coisas? Bem, pelo que estamos vendo aqui na IFA, os próprios fabricantes estão divididos a respeito. Conversei hoje com Kenneth Hong, o homem que dirige a área de comunicação global do grupo LG, ou seja, é quem tem na cabeça a estratégia para a marca. Num inglês fluente, ele me explicou por que a empresa decidiu, agora, mudar sua estratégia: antes, Smart TV era o principal feature, como gosta de dizer o pessoal de marketing. Pesquisas indicavam que o consumidor é muito mais atraído por uma tela cheia de funções do que pelas imagens tridimensionais que muitas vezes causam tontura e irritam os olhos.

Pois bem, tudo mudou (vejam na foto o estande da empresa na IFA). “Sabemos agora que Smart TV não é mais um diferencial”, diz Hong. “Todos os fabricantes têm e todos funcionam praticamente da mesma maneira. Como o consumidor pode diferenciar um produto do outro? Já o 3D é diferente: nós temos uma solução, baseada na tecnologia passiva, que é mais barata e mais confortável para a maioria das pessoas. Então, decidimos apostar nela. Vai levar algum tempo, mas temos certeza de que o consumidor vai saber optar. Não agora, porque ele ainda não se acostumou à ideia. Mas também foi assim na época do TV em cores. No início, era caro e as pessoas diziam que não precisavam. Depois, todo mundo aderiu”.

Hong mostra convicção. Disse, por exemplo, que a LG perdeu muito dinheiro com essa decisão, porque já tinha vendido muitos TVs com óculos ativos e ainda tem muito em estoque. “Além do mais, a tecnologia ativa nos dá margens de lucro mais altas”, diz ele. Mas a decisão está tomada, e não tem mais volta. Ainda que outros fabricantes – especificamente: Sony, Samsung e Panasonic – tenham se juntado numa espécie de consórcio para defender a tecnologia ativa (mais detalhes aqui). “Eles fizeram isso por desespero”, me diz Hong. “Precisavam se unir para enfrentar essa disputa. Nós estamos tranquilos. Estamos sendo procurados por outros fabricantes, que querem usar nosso filtro FPR (Film-patterned Retarder). Mas, se ninguém quiser aderir, tudo bem. Continuaremos sozinhos. E vamos vender mais, porque sabemos que é isso que o consumidor deseja”.

Será excesso de otimismo? Talvez. Mas foi engraçado ver que, no estande da Samsung (foto abaixo), as palavras de ordem são “Smart TV”, “conteúdo” e “aplicativos”. Ou seja, pela enésima vez, LG e Samsung trilham caminhos opostos.

[Orlandobarrozo]

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