29 de agosto de 2011

O Homem está indo embora…




Toda vez que alguém me pergunta qual personagem de meu livro “Os Visionários” é o mais interessante, não tenho dúvidas em responder: Steve Jobs. Apesar dos vários outros gênios cuja história é contada no livro, a vida e a carreira de Jobs são, ao mesmo tempo, uma lição de criatividade (e obstinação) e um retrato da crueldade que domina as relações humanas nos tempos atuais. Sinceramente, não sei como ainda não fizeram um filme sobre o Homem – agora que ele está lançando sua autobiografia, isso talvez aconteça.

Por mais que fosse aguardada, a renúncia de Jobs à presidência da Apple causou um choque não apenas entre os milhões de fãs da empresa, mas até entre seus concorrentes. E, claro, entre seus inúmeros admiradores, como o cineasta George Lucas (outro “visionário” que analiso no livro): “Pessoas como Jobs a gente só conhece uma vez na vida”, disse Lucas, como que sintetizando a consternação geral provocada por seu estado de saúde. Sim, Jobs ainda não morreu, mas a forma como a mídia internacional vem tratando sua saída lembra os obituários que geralmente prestam tributo a quem já se foi.

Tenho certeza de que Lucas está com a razão. Todo mundo que tem mais de 20 anos de idade já foi (a maioria continua sendo) influenciado pelas ideias e atitudes de Steve Jobs. Mesmo que você nunca tenha usado um produto da Apple, saiba que a forma como todos nós nos comunicamos hoje, via celular ou internet, foi moldada por ele. Também a forma como consumimos vídeo e música, por mais que tenhamos resistência ao MP3, e como trabalhamos e buscamos entretenimento. Não tenho dúvidas em afirmar que Jobs e a Apple determinaram o estilo de vida das populações urbanas do planeta nos últimos 15 anos – coincidência: está fazendo exatamente 15 anos que Jobs reassumiu a direção da Apple, em 1996, ele que fora escorraçado de lá dez anos antes.

Pois é, como nossas vidas mudaram em 15 anos! Acredito que a Apple possa continuar sendo uma empresa inovadora mesmo sem a presença de seu líder. Mas será algo como a arte da pintura após a morte de Picasso, a poesia brasileira pós-Drummond ou o cinema depois de Chaplin: sempre estará faltando alguma coisa.

Aliás, falando em Picasso, me lembrei agora do dia em que ele morreu e o Jornal da Tarde, de São Paulo, estampou em manchete: “Picasso morreu (se é que Picasso morre)”. Taí uma dúvida que sempre iremos aplicar também a Steve Jobs.

[Orlando]

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