28 de julho de 2011

Como funcionará o trem-bala entre Rio e São Paulo?

Já dizia o Belchior: "Foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez a tua mão".

Todo mundo sabe que voar é a forma mais segura de se viajar. Mesmo assim, se você é daquele tipo de pessoa que não entra num avião nem amarrado, seu destino é encarar longas e sofridas viagens de ônibus ou diversas horas ao volante de um carro, caso precise ou queira se locomover pelo país. E, o que é ainda pior: se você tem o sonho de conhecer a Europa ou os EUA, cerca de dez horas de voo se converteriam em alguns dias num navio de cruzeiro, sua única opção para os destinos mais longos. É torcer para não enjoar com o balanço das ondas.

Mas, pelo menos para quem mora no Rio de Janeiro e São Paulo e morre de medo de avião, mesmo sabendo que precisaria ficar apenas 50 minutos dentro de um, um novo meio de transporte promete revolucionar a viagem entre as duas principais cidades do país: o trem-bala. O projeto da imensa obra já está aprovado e passa por fases de licitação. O leilão de concessão do serviço já foi adiado algumas vezes, por mudanças no edital feitas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Burocracia à parte, você sabe como o trem-bala irá funcionar?

Orçado em R$ 33,1 bilhões, ele irá cobrir 510km entre o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, e o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, passando, também, pela cidade de São Paulo.

De acordo com o edital, o valor máximo que poderá ser cobrado para os passageiros da classe econômica será de R$ 0,49 por quilômetro. Com isso, o preço limite da passagem entre Rio e São Paulo, por exemplo, ficará em R$ 200.

Trecho que o trem de alta velocidade vai percorrer (Imagem: Wikipedia)

Apesar de a ANTT bater firme nos aspectos econômicos, para que a passagem não passe dos R$ 0,49 por quilômetro, o edital flexibiliza a tecnologia que será usada no trem-bala. A exigência é que ele tenha condições técnicas de alcançar velocidades acima de 300km/h, o que fará com que a ligação entre a Cidade Maravilhosa e a Terra da Garoa, que dura mais de 5 horas pela Via Dutra, seja feita em apenas 90 minutos.

E são dois os tipos de tecnologia: o sistema MagLev, que trabalha com levitação, e o sistema sobre trilhos comuns, porém com algumas diferenças que tornam a capacidade do trem maior.

Como serão os trilhos e as rodas?

Na levitação, são usados trilhos e rodas de aço e, por meio de imãs, o trem-bala funciona praticamente como se estivesse levitando sobre o trilho, o que aumenta muito sua velocidade se comparado aos trens comuns, pois não há atrito para atrapalhar. Um campo é gerado para suspender o veículo e um segundo campo magnético é gerado para impulsioná-lo a velocidades que podem chegar a 350km/h

No outro sistema, uma evolução dos trens comuns, a implementação é mais barata do que no sistema MagLev, apesar dos altos custos necessários para se fazer um trajeto mais reto e sem curvas muito fechadas – o que implica na construção de túneis e pontes. Sem as curvas, todo o sistema ganha em estabilidade, o que afasta o risco de descarrilamento. Além disso, a fabricação dos trilhos é feita de forma contínua, sem emendas, para que a viagem seja bem mais confortável para o passageiro e mais rápida do que em trens comuns.

Em ambos os sistemas, o “combustível” dos trens é a eletricidade. Na levitação, ela é necessária para gerar os campos magnéticos. Já na evolução dos trens comuns, a energia alimenta a viagem por meio de cabos de alta tensão suspensos sobre os vagões ou por um terceiro trilho, semelhante ao que existe para movimentar os três do metrô.

Se você não pretende nunca entrar num avião, mesmo que, como o Belchior, tenha a possibilidade de controlar seu medo segurando a mão de alguém, pelo menos já tem uma esperança de daqui a pouco mais de 5 anos, período previsto para a duração das obras, fazer uma viagem um pouco mais rápida entre Rio de Janeiro e São Paulo.

[Techtudo]

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