14 de maio de 2010

HD: a nova geração de receivers

Quando o assunto é Blu-ray, logo pensamos em filmes com resolução Full-HD (1080p), nível de detalhamento e nitidez seis vezes superior ao DVD. Mas pouco é lembrado outro benefício proporcionado pelo formato de laser azul, que são os softwares de processamento para áudio de alta definição. Com vasta capacidade de armazenamento – 25GB (os de camada simples) e 50GB (dupla-camada) – os discos passaram a incorporar novos codecs, que é como se chamam tecnicamente esses padrões de áudio codificado (codec: uma junção das palavras code e decode, em inglês “codificação” e “decodificação”).

Esses softwares são capazes de promover um salto na qualidade dos tradicionais Dolby Digital e DTS. É o caso dos Dolby TrueHD, DTS-HD Master Audio, Dolby Digital Plus, DTS-HD High Resolution e LPCM Multichannel. Uma das dúvidas mais comuns de quem pretende entrar na era do Blu-ray é justamente como usufruir dos formatos de áudio de alta definição. Nem todos os players reproduzem conseguem identificar todos os codecs, o mesmo acontecendo com alguns receivers. Daí vêm as perguntas: devo trocar meu receiver por um novo modelo com processadores mais modernos? Meu Blu-ray pode ser ligado a um sistema in-a-box?

OS FORMATOS DE ÁUDIO DO BLU-RAY

NOME Tipo Nº de canais Amostragem/resolução Taxa de transferência (bit-rate)
Dolby TrueHD compressão sem perdas (lossless) 5.1, 6.1 e 7.1 (máximo 14) 48kHz/20 bits e 96kHz/24 bits (máximo 192kHz/24 bits em 5.1) 4.7Mbps (máximo 18Mpbs)

Dolby Digital Plus compressão com perdas (lossy) 5.1, 6.1 e 7.1 48kHz/20 bits 1.7Mbps (máximo 6Mbps)

DTS-HD Master Audio compressão sem perdas (lossless) 5.1, 6.1 e 7.1 48kHz/20 bits e 96kHz/24 bits (máximo 192kHz/24 bits em 5.1) 6.2Mbps (máximo 25.4Mbps)

DTS-HD High Resolution compressão com perdas (lossy) 5.1, 6.1 e 7.1 48kHz/20 bits (máximo 96kHz/24 bits) 3Mbps (máximo 6Mbps)

Linear PCM (multicanal/BD) nenhuma compressão 5.1, 6.1 e 7.1 48kHz/16 bits (máximo 48kHz/24 bits) 4.6Mbps

DTS compressão com perdas (lossy) 5.1, 6.1 e 6.1 (ES) 48kHz/20 bits (máximo 96kHz/24 bits) 754kbps (máximo 1.5Mbps)

Dolby Digital compressão com perdas (lossy) 5.1 e 6.1 (EX) 48kHz/20 bits 384kbps (máximo 640kbps)

No início, quando surgiram os primeiros players Blu-ray, não havia receivers preparados para decodificar áudio de alta definição. Essa tarefa era executada pelos players, que traziam saídas HDMI versão 1.1 e analógicas RCA multicanal – chamadas de 5.1CH ou 7.1CH (no caso de modelos mais refinados) – para serem ligadas a receivers com entradas correspondentes. A conexão HDMI dos primeiros Blu-ray não trafegava sinais Dolby TrueHD e DTS-HD Master Audio; o player tinha que decodificar as trilhas em HD e liberá-las em PCM multicanal, para serem reconhecidas por um receiver.

Já os sinais analógicos multicanal separados que entravam no receiver só precisavam ser amplificados para que pudéssemos ouvir através das caixas acústicas. Mas há dois problemas nesse tipo de conexão. Um é o emaranhado de cabos utilizados – entre seis e oito – só para a passagem do áudio. Outro era a vulnerabilidade: cabos analógicos ficam expostos a interferências eletromagnéticas e de radiofrequência – comuns nos grandes centros e regiões com muitas fábricas.

Em 2008, com a chegada de receivers dotados de processadores HD e entrada HDMI versão 1.3, a conexão com os players ficou mais fácil. Essa conexão possui largura de banda suficiente para o tráfego dos robustos codecs Dolby TrueHD e DTS Master Audio. Por isso, a maioria dos fabricantes de Blu-ray (exceto as marcas high-end) passou a produzir aparelhos sem saídas analógicas multicanal, forçando o usuário a fazer um upgrade e buscar um receiver com entrada HDMI.

Em breve, situação idêntica será encontrada nos receivers atuais, que aos poucos vão deixando de oferecer entradas analógicas 5CH e 7CH. Os modelos de entrada da Denon, Marantz, NAD e Rotel, por exemplo, ainda trazem conectores analógicos 7.1 canais, ao contrário da nova linha 2009/2010 da Onkyo (final 07) que já não traz esse tipo de conexão. Entre os receivers da Sony, somente os top-de-linha oferecem entradas analógicas (5.1), enquanto o modelo de entrada da marca não dispõe de terminais RCA multicanal. A boa notícia é que, hoje, todas as grandes marcas possuem receivers de entrada (e, portanto, mais acessíveis) dotados de processadores HD e entrada HDMI v1.3.

Já para quem possui sala pequena e prefere soluções integradas, como os sistemas in-a-box, vale o alerta: nem sempre a entrada HDMI desses equipamentos aceita sinais de áudio multicanal. Em geral, modelos com interface HDMI do tipo “Pass-Thru” são capazes de conduzir imagens em alta definição (até mesmo Full-HD) e sinal de áudio apenas em estéreo. Assim, a conexão de áudio dos players Blu-ray desses sistemas só pode ser feita por meio de tomadas digitais (óptica ou coaxial), as quais não aceitam Dolby TrueHD e DTS-HD Master Audio.

A dica é adquirir modelos com entrada HDMI do tipo “Repeater”, capaz de aceitar sinais Full-HD e áudio multicanal, seja PCM, Dolby TrueHD ou DTS-HD Master Audio.

Mas, será que as diferenças entre os formatos de áudio são perceptíveis, a ponto do usuário se ater a esses codecs a partir de agora? Se o seu sistema é formato por equipamentos independentes, seja receiver A/V ou amplificador multicanal ligado às caixas acústicas, certamente irá sentir diferenças entre os processamentos HD e os tradicionais DD e DTS – sem aquela sensação de som comprimido. Por outro lado, se você possui em sua sala um sistema integrado in-a-box, as chances de ouvir graves mais impactantes, freqüências médias/altas mais definidas e diálogos naturais serão bem menores.


RECEIVERS DE ENTRADA


Todos os receivers com processadores HD oferecem também os tradicionais Dolby Digital EX e DTS-ES, para decodificação de filmes gravados em 6.1 canais. Incluem ainda o Dolby Pro Logic IIx e DTS Neo:6, que reproduzem em até 7.1 canais as trilhas estéreo e 5.1 presentes nos discos.

Os conectores HDMI dos receivers HD permitem chavear as fontes de vídeo de baixa resolução via terminais analógicos, como vídeo componente, S-Video e composto. Além disso, os novos modelos realizam upscaling dos sinais, simulando uma resolução de 1080i ou 1080p, para melhorar a qualidade da imagem.

A função multiroom também já é comum nos receivers de entrada, embora estes não ofereçam a mesma flexibilidade de sistemas como Projekt e Russound, em termos de recursos e capacidade de expansão. Outro recurso cada vez mais usado nesses receivers é a chamada calibragem inteligente, que ajusta os níveis de volume e distância (ou atraso) de cada canal, e configura automaticamente os tipos de caixas utilizadas.

O QUE É DOLBY PRO LOGIC IIZ?

Assim como o Pro Logic IIx, esse formato de áudio transforma sinais estéreo e 5.1 em 7.1 canais. Isso é feito adicionando dois canais frontais (esquerdo e direito), com as caixas sendo instaladas na parede, a uma altura de aproximadamente 1m em relação às caixas frontais tradicionais. A amplificação dos canais adicionais é feita por meio das saídas SURROUND BACK do receiver. O processador Dolby Pro Logic IIz é útil em ambientes menores, que não acomodam caixas surround back. Segundo a Dolby, o Pro Logic IIz oferece uma experiência tridimensional para melhorar o palco sonoro e expandir o realismo dos efeitos espaciais dos filmes, shows e games.


AS VANTAGENS DOS CODECS HD


Tecnicamente, a superioridade dos novos decoders de áudio de alta definição se traduz em maior taxa de transferência (ou bit-rate), que resulta em melhor detalhamento sonoro. Para se ter uma idéia, o padrão Dolby Digital 5.1 empregado nos DVDs atuais oferece uma taxa de transferência de até 640kpbs (kilobits por segundo), embora freqüentemente encontremos gravações limitadas a 384kbps. No caso do DTS, a taxa de transferência é bem maior, cerca de 1.5Mbps (megabits por segundo), mas é comum também ver (e ouvir) DVDs gravados a 754kbps, já que esses discos precisam reservar mais espaço para conteúdos de vídeo e a inclusão de extras.

Com o Dolby Digital Plus, a taxa de transferência pode ir a 1.7Mbps no Blu-ray, enquanto o DTS-HD High Resolution atinge 3Mbps. Já os codecs Dolby TrueHD e DTS-HD Master Audio comprimem os sinais de áudio (inclusive, de 7.1 canais) sem perda de qualidade, de maneira semelhante ao método de compressão do quase extinto formato DVD-Audio. Nos discos utilizados durantes nossas avaliações de produtos, vimos que o Dolby TrueHD oferece taxa de transferência em torno de 4.7Mbps, enquanto o DTS-HD Master Audio proporciona até 6.2Mbps.

Outro formato de áudio comum nos discos Blu-ray é o LPCM Uncompressed (ou Linear Pulse Code Modulation), que já é um velho conhecido; afinal, é o mesmo utilizado na mídia CD, porém com amostragem e resolução maior (veja na tabela). No Blu-ray, o LPCM pode reproduzir áudio em 5.1 e 7.1 canais a uma taxa de transferência de 4,6Mbps. É tido por muitos como o melhor formato de áudio, por preservar o sinal digital puro, sem compressão da trilha original. Por outro lado, nota-se que o LPCM multicanal já não está mais tão presente nos títulos atuais, ao contrário dos primeiros discos lançados no início da tecnologia, quando players e receivers ainda não decodificavam formatos HD.

Na maioria dos filmes, os codecs possuem áudio gravado com amostragem de 48kHz por 20 bits de resolução, embora não seja raro encontrar shows gravados a 96kHz / 24 bits e codificados em Dolby TrueHD ou DTS-HD (MA e HR). Tanto Dolby TrueHD como DTS-HD Master Audio têm potencial para “empacotar” sinais com amostragem de até 192kHz.
[HT]

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