15 de fevereiro de 2010

Os melhores filmes de tecnologia de todos os tempos – parte 1

A arte cinematográfica existe por uma traição bem organizada da realidade, já disse François Truffaut, um dos fundadores da nouvelle vague, movimento criado na França no finalzinho dos anos 1950 e que, seguindo a trilha aberta pelo neo-realismo italiano, revolucionou o cinema.

A frase de Truffaut – cineasta que, exceto por Fahrenheit 451, não tinha o universo tecnológico como matéria-prima – nos ajuda a entender o modo como o cinema retratou a tecnologia ao longo de sua história.

Fantasia de futuro

Melhor dizendo, o cinema deu conta de como o homem pode desenhar sua fantasia de futuro, suas expectativas e projeções diante das máquinas. Ao fazer isso, nos fez rir, pensar, ter medo, achar que podemos ser muito poderosos e – por que não? – também ridículos.

“Até onde podemos chegar e qual o preço a pagar por isso?”, parecem nos dizer os filmes dessa lavra.

Ou “será que as máquinas vão nos vencer?”, como nos faz pensar Limite de Segurança (Sidney Lumet), enquanto War Games (John Badham) diz “cuidado, vocês podem perder o controle desse jogo, e aí bum! – vai tudo pelos ares”.

Diversão

Falar de cinema e tecnologia é um assunto delicioso. Por isso, o Nave Digital convida você, imagético leitor, a se divertir um pouco com uma seleção dos melhores filmes de tecnologia de todos os tempos.

Como a maioria das listas, trata-se de uma brincadeira e, no nosso, despretensiosa.

Já ficaremos satisfeitos se você, depois de ler este e outros posts que virão sobre o tema, se sentir instigado a ver alguns dos filmes listados e resolver participar com suas observações ou sugestões cinematográficas.

A primeira lista foi feita por Robinson dos Santos, editor-assistente do IDG Now! Amanhã subirá uma feita por este tripulante da Nave.

Corta!

A seleção do Robinson vai de clássicos da década de 1950 ao período pré-Matrix.

Se você achou que faltam filmes à relação, relembramos que esta é a primeira parte de um especial do blog sobre a conexão entre cinema e tecnologia.

E, claro, estamos abertos a sugestões.

Quem sabe sua dica não vira parte de um post?

Veja abaixo a seleção feita pelo Robinson dos Santos, com comentários feitos pelo próprio.

Amor Eletrônico (Desk Set, 1957) - Esta comédia romântica típica dos anos 1950 talvez seja o primeiro filme de não-ficção a incluir no elenco um ator-máquina: um enorme computador capaz de responder a qualquer pergunta em linguagem natural (pense num Google com uma máquina de escrever como interface).

Katharine Hepburn e Spencer Tracy não estão em sua melhor forma, mas é curioso ver como se conduziu, na época, a discussão sobre a tensão provocada pela substituição do trabalho intelectual humano pelo da máquina. Note, nos créditos da abertura, o generoso agradecimento à IBM, numa época em que os computadores começavam a entrar no mundo corporativo.

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Amor Eletrônico, 1957

O Planeta Proibido (Forbidden Planet, 1956) – Indicado ao Oscar de efeitos especiais de 1957, esta história de uma expedição que vai a um planeta distante conferir por que a colônia humana que o habita deixou de manter contato com a Terra se destaca por apresentar Robby, um robô que praticamente definiu a categoria em termos de função e design (o robô de Perdidos no Espaço é praticamente seu clone).

Curiosidade: o sério comandante da expedição é o hoje comediante Leslie Nielsen, que depois estrelaria o atrapalhado tenente Frank Drebin da série Corra que a polícia vem aí.

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O Planeta Proibido, 1956

O Homem Terminal (Terminal Man, 1974) – Inspirado em livro de Michael Crichton, este filme conta a história de um cientista da computação que sofre de ataques que, por alguns minutos, o deixam extremamente violento.

A solução médica encontrada foi o implante de um chip de computador em seu cérebro, capaz de enviar estímulos neutralizantes sempre que um acesso de fúria estivesse pronto a ocorrer. Não é preciso dizer que a experiência não deu certo. Preste atenção às cenas de violência que, de tão sublimadas, remetem ao mestre do suspense Hitchcock.

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O Homem Terminal, 1974)

Onde Ninguém tem Alma (Westworld, 1973) – Imagine uma Disneylândia para adultos, em que robôs incrivelmente parecidos com humanos podem satisfazer a qualquer exigência.

Assim é o parque temático Westworld. No filme, que foi escrito e dirigido por Michael Crichton, dois amigos resolvem passar as férias fingindo-se de pistoleiros do velho Oeste, mas um defeito no computador central fará com que os ciborgues fiquem descontrolados – e um deles, em especial, não dará sossego.

Um bom pretexto para conhecer o ator Yul Brynner, que ficou famoso justamente por seus filmes de faroeste. Aperte a pausa nas cenas do laboratório: os fios ligados à cabeça dos andróides parecem cabos RCA colados com fita adesiva.

westworldOnde Ninguém Tem Alma, 1973)

Tron (Tron, 1982) - Uma das maiores viagens do cinema tech, este filme da Disney conta a história de um ex-programador que, ao tentar invadir um mainframe, é convertido em bits e enviado para dentro do sistema. Lá, terá de passar por diversas provas ao estilo gladiador se quiser sobreviver.

‘Tron’ definiu uma certa estética da informática dos anos 1980, com cenários escuros e figuras geométricas iluminadas por luzes néon (e que fazem os atores praticamente desaparecerem da tela). E, apesar da premissa inicial fantástica, ele respeita noções da computação real (o nome do sistema malvado, MCP, remete ao Master Control Program que controlava os mainframes Burroughs da época).

Detalhe: a corrida de motos virtuais, ponto alto do filme, virou até game para Atari.

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Tron, 1982

Johnny Mnemonic (Johnny Mnemonic, 1995) - Este filme de um traficante de dados que usa implantes no próprio cérebro para transportar a ‘mercadoria’ baseou-se num conto do escritor William Gibson, autor do cultuado Neuromancer.

Em 2021, Johnny tem a missão de transportar dados sobre a cura de uma doença neuronal global, da China para os EUA, mas para cumprir seu trabalho terá de enfrentar a máfia Yakuza, que controla a fabricante de remédios para o tratamento da síndrome.

Este filme ajudou a formar a imagem de herói blasé de Keanu Reeves, que desde então tem marcado suas atuações (vide Matrix e O Dia em que a Terra Parou). Por conta de Johnny, Reeves foi indicado ao Razzie Award de 1996 de pior ator. Atenção para as cenas em que Johnny usa equipamentos de realidade virtual, moda na época.

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Johnny Mnemonic, 1995

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